“Grátis não trabalho”
Por Joaquim Letria
HÁ UMA
confusão grande no mundo da Informação. Muitos jornalistas lamentam a
sua perda de influência acusando a falta de investimentos publicitários,
o que certamente, não justifica tudo, enquanto outros parecem aturdidos
sem perceberem o que está a acontecer; Uns e outros parecem animar-se
com um único facto, mas muito enganador – se ainda não se publicou a
notícia da grave crise do jornalismo, é porque esta não existe.
A
solução escolhida até agora é errada. Dizimar as empresas e aplicar
austeridade não vai resolver nada nem salvar ninguém, tal como campanhas
publicitárias institucionais nunca ajudaram quem quer que fosse. A
pouco e pouco, vamos ver servirem-se do jornalismo de indignação,
passando também os escândalos a figurarem no receituário do chamado
jornalismo de referência.
Entretanto, legiões de jornalistas desprotegidos e sem favores buscam
sobreviver de traduções e colaborações episódicas, porque colaboradores
avençados e o privilégio de ser regularmente explorado é território de
muito pouca gente, enquanto os outros vêem os soldos diminuírem e os
salários desaparecerem.
Em
Espanha, há muito pouco tempo, a “Associação de Imprensa” teve de fazer
uma campanha onde se dizia “Grátis não trabalho”, o que por si só diz
tudo…
Mas
a verdade é que quando um jornalista só encontra trabalho não
remunerado, pode dedicar-se ao trabalho em que mais acredita e no qual
se revê, mesmo que não seja rentável. O embaratecimento dos custos
também permite a cada um o empreendimento dum novo projecto através do
qual se pode prestar um serviço à sociedade. Os outros, deixá-los!
Aproximaram-se tanto do Poder que agora ardem com ele e ainda vão passar
muito tempo a lembrar porque é que o jornalismo é imprescindível à Democracia. Ah! pois é…
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