9.3.13

Ir a Roma para ver o mundo

Por Ferreira Fernandes
NA ROMA sem Papa nem Governo, os cardeais decidiram o começo do conclave para terça-feira, 12, e a nova Câmara de Deputados foi convocada para a sua primeira reunião na sexta, 15. Assim, na próxima semana vai ser um ver se te avias a tapar buracos. 
Talvez o próximo Papa já seja conhecido ao longo da semana (nos últimos cem anos, o conclave que mais durou, 1922, precisou só de três dias para eleger Pio XI). A ter em conta, porém, que ontem os cardeais deram-se a segunda-feira que se pensava ser a data da abertura do conclave como dia extra de discussão nas Congregações Gerais. Os jornais italianos, talvez influenciados pelos cardeais da casa, têm dado destaque ao lobby americano, grupo coeso que contesta a importância dos italianos no Vaticano. Já o buraco da falta de Governo não deve ter resolução tão rápida. O presidente Giorgio Napolitano - ele próprio pressionado pelo tempo, pois acaba o mandato em Maio - disse, ontem: "Tem de haver governo, a crise não espera." Beppe Grillo, o bobo da corte que subiu a fazedor de reis (ou primeiro-ministros), baralhou as cartas. E até pôs um dos patrões da Goldman Sachs, Jim O'Neil, a bradar contra a política económica alemã: "Este voto [em Grillo] é uma mensagem para a Europa, basta de austeridade." 
A agência de rating Fitch pode desconfiar dela (ontem, baixou-lhe a nota, pela primeira vez, para o BBB+), mas como laboratório sobre o poder a Itália continua interessantíssima.
«DN» de 9 Mar 13

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