O fim da rebaldaria?!
Por Joaquim Letria
ALGUNS gestores
e administradores portugueses, de certas empresas públicas e privadas,
estão entre os mais bem pagos do mundo, vamos lá saber porquê, se
atendermos aos resultados e aos graus de dificuldade do trabalho que têm
que fazer.
O
CEO (presidente executivo) norte-americano mais bem pago em 2012 foi
Mike Duke, do Walmart. Ele recebeu 10 mil euros à hora, o que é mais do
que um trabalhador médio, mais a família e amigos, todos juntos, recebem
num mês de trabalho. Mike Duke foi o 46.º gestor mais bem pago na
América durante o ano passado, segundo a revista Forbes.
Um
gestor de empresa, pública ou privada, recebe hoje 340 vezes mais do
que um trabalhador médio. Em 1980, um gestor recebia 42 vezes mais.
Durante décadas os salários, prémios e bónus dos gestores e
administradores não pararam de subir, com as diferenças a aumentarem
cada ano até chegarem às proporções escabrosas de hoje. A tirania desta
nova classe de monarquia no topo das empresas, além de se aumentar a si
própria sem critério, considera-se com direito a tudo sem ter de prestar
contas a ninguém. Entretanto, para melhor podemos avaliar o seu
trabalho, conseguiram que um salário dum trabalhador médio, que era de 8
euros à hora em 1968, passasse para um máximo de …4,70 euros, apesar da
produtividade ter duplicado neste período.
Barack
Obama anunciou que deseja que o salário mínimo, nos Estados Unidos,
seja de 9 dólares à hora, em 2015, isto depois de ter dito em campanha
eleitoral, em 2008, que queria que esse mesmo salário, em 2011, fosse de
9,5 dólares, o que só mostra que quem vive do seu trabalho está muito
bem entregue!
A
defesa dos gestores reside no argumento de que os bónus e os salários
monstruosos que auferem são necessários para atrair os melhores para o
negócio. Mas os suíços já não vão nessa conversa. Depois de verem o seu
banco gigante UBS perder biliões em negócios e os seus laboratórios
farmacêuticos Novartis despedirem milhares de trabalhadores e técnicos,
os eleitores helvéticos decidiram, em referendo, exigir que os
accionistas aprovem os montantes dos prémios e salários de quem nomeiam
para lhes cuidar dos negócios. Esta decisão de cidadania está a
preocupar as cabeças das companhias pelo mundo fora. Será que a
rebaldaria vai, um dia, acabar!?
Etiquetas: JL
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