Um papa híbrido
Por Joaquim Letria
FOMOS habituados
a estarmos divididos entre a preservação do melhor do nosso passado,
das nossas tradições, das práticas culturais, crenças e preconceitos e,
ao mesmo tempo, ficarmos repartidos entre tudo aquilo que conhecemos
para trás e o desconhecido da mudança, do futuro e do progresso.
Para
uma religião com dois mil anos de História, esta é uma questão de
grande importância, em especial para todos os membros da instituição
que a promove e defende. Francisco, o novo Papa, é apresentado como um
ser profundamente conservador, recusando a mudança no que se refere ao
casamento, ao sexo e ao aborto, mas mostrando-se profundamente sensível
em tudo que tem a ver com os problemas sociais, o que faz do novo papa
um híbrido.
Jesus
foi contra o julgamento, a exclusão e o castigo, mas os seus sermões,
em particular o da montanha, são vistos como uma palavra de esquerda,
porque comprometida com os pobres, os amantes da paz e das boas
aventuranças, enfim com todos aqueles com condições para entrarem no
reino dos céus.
Possivelmente,
fazer com que os bons pensamentos de Jesus nos sirvam e nos acompanhem
no século XXI pode bem ter atravessado o espírito de alguns dos cardeais
que escolheram Jorge Bergoglio para Francisco I. Pessoas daquela idade e
com aquela experiência de vida tendem a preocupar-se mais com o longo
prazo e com as coisas eternas.
Nós, simples humanos, observamos tudo isto e reflectimos acerca do que
nos rodeia e gostaríamos de preservar a religião que diz respeito a
cada um de nós, qualquer que ela seja, defendendo-a dos assaltos do
consumismo e do materialismo que tanta injustiça têm espalhado à nossa
volta.
Etiquetas: JL
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home