11.3.13

Telegrama de Roma (urgente)

Por Ferreira Fernandes
ESTOU em Roma, o que me dá ganas de falar de Portugal e da nossa política. Então, vamos lá.
Beppe Grillo não me interessa, é um comediante menor numa terra que teve Alberto Sordi. Então... (Juntar aqui os quatro dedos opondo-se ao polegar, este em cima, e abanar a mão, para cima e para baixo). O guru Grillo tem um guru chamado Gianroberto Casaleggio, cabeleira branca despenteada, apregoando o fim do mundo, que também não me impressiona, vi tantos nas festas esquerdistas em Paris, no fim dos anos 60. Os grillini, os fascinados grilinhos, também me parecem pouco: mesmo eleitos deputados, nas reuniões sentam-se no chão o que é tolo sobretudo quando há cadeiras vazias. Enfim, tudo gente que pensa que navega lá porque clica na ponta do dedo. Então... (Outra vez o tal gesto). 
O que é realmente importante nesta história é que esses alguns aldrabões e muitos ingénuos tenham parado politicamente o país. O que choca é a força que pôde ter essa gente sem grande malvadeza (não, não há ali Mussolinis, é demais para os clics deles). 
Os políticos italianos estão com o estupor do KO, mas pergunto aos portugueses, ainda sem grilos a atazaná-los: não vos assusta a vossa fraqueza? Não pergunto evidentemente aos videirinhos e aos ladrões notórios, são só alguns e por definição não têm consciência para serem interpelados, mas pergunto àqueles que procuraram um destino de poder e podem vir a ver-se com tão pouco: não há nada a fazer?
«DN» de 13 Mar 13

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