3.3.13

Tudo o que quero e já: quem saiba

Por Ferreira Fernandes
CLARO, não se trata da procura de Diógenes, com lamparina acesa, por um homem de verdade. Isso é muita pretensão, é coisa de filósofo. Do que se trata é mais rasteiro, só se procura um chefe. De um que entre aos 60 minutos, só restando um terço de um jogo a feijões e melhore tudo. Num jogo transcendente qualquer um pode fazer milagres, mas justamente eu não quero milagres. Falo do nosso dia a dia, de um chefe para os nossos dias. 
Um ou outro leitor pode pensar que falo do Cristiano Ronaldo de ontem, de como o Real Madrid mudou depois dele entrar e o Barcelona se encolheu. Mas a servir-me do Cristiano de ontem seria porque ele não meteu nenhum golo, só convenceu. O chefe que procuro é aquele que dispara aquele livre que pôs as mãos do adversário a arder e dispara outro para pôr os postes a abanar, enfim, um que mostre que sabe da poda. Eu anseio, tu anseias, nós ansiamos não por alguém que marque três golos - isso é para o euromilhões -, mas por quem reconhecemos saber, que não erre contas, que não erre tudo. Se eu adivinhasse que o tal jogo de ontem à tarde mostraria um chefe assim, eu teria ido com um televisor para as manifestações e aos gritos calmos: "É disto que precisamos! É disto!" 
Mas se acham que o assunto - chefe, líder, alguém que saiba - merece mais do que metáforas futebolísticas, tenho alternativa. Do que nós precisamos é do meu mecânico: um tipo a quem eu deixo o carro e mo entrega melhor. 
«DN» de 3 Mar 13

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