Passos lança Berta para agradar a Angela?
COMO muitos neste país na penúria, o coronel Manuel Cracel, presidente da Associação de Oficiais das Forças Armadas (AOFA), anda agastado com o Governo. Ao saber que Berta Cabral foi nomeada secretária de Estado da Defesa, o coronel disse ser uma "surpresa" e estar esperançado: "Ser mulher confere-lhe alguma sensibilidade para ter uma perceção mais adequada e correta do papel das Forças Armadas e para que servem os militares." Nestas palavras não vislumbro nenhum acinte para com as mulheres. A surpresa é natural pois Berta Cabral é a primeira governante portuguesa na Defesa, ministra ou secretária de Estado. E, por ela ser mulher, emprestar-lhe maior capacidade para resolver os assuntos militares não me parece insulto (pode é ser esperança vã). No entanto, choveram comentários deste género: "Olhem-me este militarão, não aceita ser comandado por uma mulher!" Gente culta (e com acesso ao Google) lembrou logo várias heroínas, mulheres e guerreiras. Repito, nada nas palavras do coronel Cracel justificava a tese de machismo. Mas como em vez da opinião dos outros preferimos confirmar a opinião que temos dos outros, de um patrão da AOFA só podia vir uma bojarda antifeminista... É má-fé. Seria como dizer que com esta nomeação o Governo faz tudo para agradar aos alemães. E perante a perplexidade geral, lançar: "Sabem como se chamava ao mais terrível canhão alemão da I Guerra Mundial? "Big Bertha"!"
«DN» de 23 Abr 13
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