25.5.13

Cavaco Silva e o insulto do cronista

Por Ferreira Fernandes
QUEM não se sente não é filho de boa gente. Cavaco Silva tem razão em indignar-se por aquilo que um cronista fez publicar ontem num jornal. Uma coisa é criticar, e todos somos passíveis de que não gostem de nós, mesmo injustamente. Mas há palavras e palavras. Pode dizer-se que Cavaco Silva não é brilhante a falar e que se engasga em público mais do que seria de esperar num político. Mas não se pode dizer aquilo. Quer dizer, poder dizer, pode-se: em matéria de opinião, pode dizer-se tudo. Mas isso em conversa de tribunal, onde a liberdade de opinião (e felizmente) está defendida. Dito isto, não se diz aquilo que foi dito e publicado, ontem, sobre Cavaco Silva. Uma coisa é chamar-lhe "burlesco" ou "cómico" ou qualquer outra palavra similar, tanto essas palavras estão - infelizmente, mas é assim - conotadas com os políticos. Mas o que o cronista disse ontem fere o homem público no âmago do que ele faz, desqualifica-o na sua função: "Sozinho, completamente sozinho, o dr. Cavaco Silva conseguiu arruinar a Presidência da República. A Presidência da República não tem hoje autoridade, influência ou prestígio", foi dito por Vasco Pulido Valente, ontem, e publicado no Público. É opinião e eu já disse aqui várias vezes que processar uma opinião é como tentar caçar o vento. Só enobrece Cavaco não ter perguntado ao Ministério Público se há ou não matéria para processo no maior insulto que lhe fizeram esta semana. 
«DN» de 25 Mai 13

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1 Comments:

Blogger Jorge Couto said...

Como sempre, um ponto de vista sensato, além de muito bem escrito, do jornalista Ferreira Fernandes.

25 de maio de 2013 às 12:15  

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