28.5.13

«Dito & Feito»

Por José António Lima
A CHAMADA taxa especial sobre as pensões de reforma, mais conhecida por ‘TSU dos pensionistas’, teima arreliadoramente em não sair de cena da actualidade política e em não dar sossego ao ministro Paulo Portas e ao CDS. Apesar de Portas ter solenemente assegurado que essa taxa representa uma «linha vermelha» que ele «não deixaria ultrapassar» – o que parece não ter sido suficiente para convencer a troika, o ministro Vítor Gaspar e a própria taxa.
Incomodado com a capacidade de sobrevivência político-mediática da ‘TSU dos pensionistas, Portas voltou à carga esta semana, dizendo-se agora «politicamente incompatível» com a taxa sobre as pensões, uma definição criativamente inovadora ainda que de compreensão difícil. E insistiu: «Sei que há um limite, trabalhei para que esse limite não fosse ultrapassado e não foi». O limite era eliminar a ‘TSU dos pensionistas’ do pacote de medidas do Governo e do memorando da troika? Mas continua lá prevista... Era tornar a taxa opcional e não obrigatória? Mas isso não é um limite, é uma hipótese. E muito escorregadia...
Em socorro de Portas veio, uma vez mais, o seu mensageiro António Pires de Lima a assegurar que «aquilo que a troika queria, que era a imposição dessa medida como parte do processo de aprovação da 7.ª avaliação, caiu». Caiu mesmo? Ora ainda bem... Pires de Lima aproveitou ainda para transmitir uns recados de Portas dirigidos a Vítor Gaspar: que «o ministro das Finanças, com a personalidade e o peso que tem, torna muito ingrata a tarefa do ministro da Economia» e ainda que «seria muito mau sinal se chegássemos à conclusão de que o ministro das Finanças é uma espécie de bloqueio à boa governação». É só simpatia e amizade no seio do Governo, como se vê.
Entretanto, o jovem ministro Poiares Maduro veio repisar, na terça-feira, que a já famigerada taxa «especial de sustentabilidade das pensões só será aplicada em último recurso». Afinal, poderá ser aplicada, ainda que em último recurso? Não caiu já? Era bom que se entendessem no Governo. Pelo menos, os ministros entre si. Neste caso, Portas, Gaspar e Maduro.
«SOL» de 24 Mai 13

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