«Dito & Feito»
Por José António Lima
A CHAMADA taxa especial sobre as pensões de reforma, mais conhecida por
‘TSU dos pensionistas’, teima arreliadoramente em não sair de cena da
actualidade política e em não dar sossego ao ministro Paulo Portas e ao
CDS. Apesar de Portas ter solenemente assegurado que essa taxa
representa uma «linha vermelha» que ele «não deixaria ultrapassar» – o
que parece não ter sido suficiente para convencer a troika, o ministro
Vítor Gaspar e a própria taxa.
Incomodado com a capacidade de
sobrevivência político-mediática da ‘TSU dos pensionistas, Portas voltou
à carga esta semana, dizendo-se agora «politicamente incompatível» com a
taxa sobre as pensões, uma definição criativamente inovadora ainda que
de compreensão difícil. E insistiu: «Sei que há um limite, trabalhei
para que esse limite não fosse ultrapassado e não foi». O limite era
eliminar a ‘TSU dos pensionistas’ do pacote de medidas do Governo e do
memorando da troika? Mas continua lá prevista... Era tornar a taxa
opcional e não obrigatória? Mas isso não é um limite, é uma hipótese. E
muito escorregadia...
Em socorro de Portas veio, uma vez mais, o
seu mensageiro António Pires de Lima a assegurar que «aquilo que a
troika queria, que era a imposição dessa medida como parte do processo
de aprovação da 7.ª avaliação, caiu». Caiu mesmo? Ora ainda bem... Pires
de Lima aproveitou ainda para transmitir uns recados de Portas
dirigidos a Vítor Gaspar: que «o ministro das Finanças, com a
personalidade e o peso que tem, torna muito ingrata a tarefa do ministro
da Economia» e ainda que «seria muito mau sinal se chegássemos à
conclusão de que o ministro das Finanças é uma espécie de bloqueio à boa
governação». É só simpatia e amizade no seio do Governo, como se vê.
Entretanto,
o jovem ministro Poiares Maduro veio repisar, na terça-feira, que a já
famigerada taxa «especial de sustentabilidade das pensões só será
aplicada em último recurso». Afinal, poderá ser aplicada, ainda que em
último recurso? Não caiu já? Era bom que se entendessem no Governo. Pelo
menos, os ministros entre si. Neste caso, Portas, Gaspar e Maduro.
«SOL» de 24 Mai 13 Etiquetas: autor convidado, JAL
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