Colher rosas no meio do pântano
Por Ferreira Fernandes
NO VERÃO de há dois anos, Rupert Murdoch, o patrão dos jornais mais
ordinários do mundo (do Sun ao falecido The News of The World), era
ouvido por uma comissão parlamentar, em Londres. Os deputados, numa mesa
em ferradura, defrontavam Murdoch, então com 82 anos, que trazia a sua
cara de Mr. Burns, da série The Simpsons, o supermilionário que diz
"excelente!" quando os seus cães estraçalham as visitas. Desta vez,
porém, Murdoch é que estava à defesa: investigavam-se as escutas
telefónicas ilegais que permitiam manchetes sórdidas aos seus jornais.
Murdoch fora com o seu filho e principal herdeiro nos media, James,
sentado ao seu lado. Na fila de trás, um batalhão cinzento de advogados,
do qual emergia uma bela chinesa, Wendi Deng, de 42 anos, saia escura e
casaco rosa, a terceira mulher com quem o nababo casara, uma dúzia de
anos antes. A dado momento, um homem aproximou-se, sorrateiro, e atacou
Rupert Murdoch. Foi para lhe esfregar uma tarte na cara, mas durante
aquele segundo não se sabia, podia ser um xis-ato a procurar carótida. O
filho James ficou sentadinho a olhar e a sala deixou escapar um surdo
"oohh..." Foi sobre este que se instalou um "paf!", duma mão aberta nas
trombas do agressor, onomatopeia ilustrada pelo voo de um casaco rosa -
Wendi salvava o seu homem. Ontem, soube-se que Murdoch e Wendi se
separam. Ele, um sem escrúpulos, ela, talvez, uma alpinista social, mas
tiveram um belo momento a dois.
«DN» de 14 Jun 13 Etiquetas: autor convidado, F.F
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home