14.6.13

Colher rosas no meio do pântano

Por Ferreira Fernandes
NO VERÃO de há dois anos, Rupert Murdoch, o patrão dos jornais mais ordinários do mundo (do Sun ao falecido The News of The World), era ouvido por uma comissão parlamentar, em Londres. Os deputados, numa mesa em ferradura, defrontavam Murdoch, então com 82 anos, que trazia a sua cara de Mr. Burns, da série The Simpsons, o supermilionário que diz "excelente!" quando os seus cães estraçalham as visitas. Desta vez, porém, Murdoch é que estava à defesa: investigavam-se as escutas telefónicas ilegais que permitiam manchetes sórdidas aos seus jornais. Murdoch fora com o seu filho e principal herdeiro nos media, James, sentado ao seu lado. Na fila de trás, um batalhão cinzento de advogados, do qual emergia uma bela chinesa, Wendi Deng, de 42 anos, saia escura e casaco rosa, a terceira mulher com quem o nababo casara, uma dúzia de anos antes. A dado momento, um homem aproximou-se, sorrateiro, e atacou Rupert Murdoch. Foi para lhe esfregar uma tarte na cara, mas durante aquele segundo não se sabia, podia ser um xis-ato a procurar carótida. O filho James ficou sentadinho a olhar e a sala deixou escapar um surdo "oohh..." Foi sobre este que se instalou um "paf!", duma mão aberta nas trombas do agressor, onomatopeia ilustrada pelo voo de um casaco rosa - Wendi salvava o seu homem. Ontem, soube-se que Murdoch e Wendi se separam. Ele, um sem escrúpulos, ela, talvez, uma alpinista social, mas tiveram um belo momento a dois. 
«DN» de 14 Jun 13

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