28.6.13

O "Big Brother" não é tão "big" assim

Por Ferreira Fernandes
SEM QUERER desmentir Hollywood e muito menos Edward Snowden, suspeito que ainda há salvação para todos nós, gravados por jovens nerds borbulhentos e sem namorada. Snowden, o espião que denunciou o "Biguíssimo Brother" americano que nos filma e ouve 24 horas sobre 24 horas, quando estava em Hong Kong, diz-se, exigia a quem o visitasse que lhe entregasse os telemóveis. Pegava neles e metia-os no frigorífico, para lhes constipar o sinal. Suspeito que os cuidados desta espécie inversa de espião que veio do frio são exagerados. Não que não acredite que se no voice mail eu disser "ligou para o primo de al-Zawahiri, da Al-Qaeda, deixe mensagem", o meu BlackBerry tenha uma atenção especial durante uns tempos, até eu ser remetido para a mais grossa pasta que há na sede da CIA, em Langley, com uma palavrinha escrita com marcador preto: "Parvos." A minha esperança - de alguma privacidade quando me acontece meter o dedo no nariz - advém de um episódio ocorrido com o próprio Edward Snowden, ainda em Hong Kong. Segundo o procurador-geral chinês Yuen Rimsky, os americanos enviaram um pedido de detenção para o cidadão "Edward James Snowden". Ora, o nosso homem chama-se Edward Joseph Snowden. Certamente que se as autoridades chinesas tivessem muita vontade, teriam chegado ao Joseph, mas esse não é o meu ponto. O facto é que há sempre uma pequena falha humana que impede qualquer perfeição, mesmo quando esta está ao serviço do mal.
«DN» de 28 Jun 13

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