O "Big Brother" não é tão "big" assim
Por Ferreira Fernandes
SEM QUERER desmentir Hollywood e muito menos Edward Snowden, suspeito que
ainda há salvação para todos nós, gravados por jovens nerds borbulhentos
e sem namorada. Snowden, o espião que denunciou o "Biguíssimo Brother"
americano que nos filma e ouve 24 horas sobre 24 horas, quando estava em
Hong Kong, diz-se, exigia a quem o visitasse que lhe entregasse os
telemóveis. Pegava neles e metia-os no frigorífico, para lhes constipar o
sinal. Suspeito que os cuidados desta espécie inversa de espião que
veio do frio são exagerados. Não que não acredite que se no voice mail
eu disser "ligou para o primo de al-Zawahiri, da Al-Qaeda, deixe
mensagem", o meu BlackBerry tenha uma atenção especial durante uns
tempos, até eu ser remetido para a mais grossa pasta que há na sede da
CIA, em Langley, com uma palavrinha escrita com marcador preto:
"Parvos." A minha esperança - de alguma privacidade quando me acontece
meter o dedo no nariz - advém de um episódio ocorrido com o próprio
Edward Snowden, ainda em Hong Kong. Segundo o procurador-geral chinês
Yuen Rimsky, os americanos enviaram um pedido de detenção para o cidadão
"Edward James Snowden". Ora, o nosso homem chama-se Edward Joseph
Snowden. Certamente que se as autoridades chinesas tivessem muita
vontade, teriam chegado ao Joseph, mas esse não é o meu ponto. O facto é
que há sempre uma pequena falha humana que impede qualquer perfeição,
mesmo quando esta está ao serviço do mal.
«DN» de 28 Jun 13 Etiquetas: autor convidado, F.F
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