5.6.13

Ontem mandaram-me calar (por procuração)

Por Ferreira Fernandes
NUMA conferência em Lisboa, ontem, o secretário de Estado Sérgio Monteiro foi impedido de falar ("Governo, rua!") por trabalhadores da Carris. Um dos gritadores, o sindicalista Manuel Leal, disse à TSF que o método de luta não era excessivo. Na conferência do Jornal de Notícias, no Porto, também ontem, o ministro Poiares Maduro foi interrompido ("Demissão!") por um grupo de manifestantes. Monteiro e Maduro foram sujeitos à tentativa (no caso de Lisboa, conseguida) de se lhes negar o direito à palavra. 
Os manifestantes atacaram uma liberdade fundamental daqueles cidadãos com a desculpa de eles pertencem ao atual Governo. Ora este saiu das eleições de junho de 2011, realizadas por o primeiro-ministro de então não ter maioria para governar e por se ter instalado um clima social e político em que, não poucas vezes, os seus ministros eram impedidos de falar. Mas essas eleições foram constitucionalmente convocadas e os portugueses votaram livremente. Logo, é excessivo, sim, ter tentado fazer calar ministros de um Governo legítimo. Pode parecer contraditório os manifestantes negarem essa legitimidade quando eles próprios, ou seus apaniguados, ajudaram a levar - com os métodos que continuam a praticar - estes governantes ao poder. Gente com pala poderá ter gostado destes métodos há dois anos e não gostar agora. E outra gente com pala, vice-versa. Mas gente avisada deve saber que os métodos fascistas são o que são, sempre.
«DN» de 5 Jun 13

Etiquetas: ,