7.7.13

Tudo ao molho…

Por Antunes Ferreira
NO MEIO da embrulhada (podia empregar outro termo, mas este é o mais suave) em que transformou a política à portuguesa, Passos Coelho foi a Belém para tentar convencer o ocupante do Palácio – ocupante à boa maneira do chamado PREC, pois o Palhaço não paga renda… - de que era possível manter a (des)governação a todo o custo. Com um qualquer (des)Executivo, desde que este fosse o resultado da ressuscitar da coligação PSD/CDS-PP.
Mas, pelos vistos, ou seja pelo que se vai sabendo, as coisas não correram de feição para o (ainda) primeiro-ministro. Cavaco aparentou ter acordado do estado larvar-vegetativo em que vivia, ou melhor, sobrevivia, e terá imposta a Pedro Passos Coelho uma pseudo ordem sintetizável no rifão popular: ou sim ou sopas. Ou como diria o comentador desportivo José Estebes interpretado por Herman José já há uns bons anos: tudo ao molho e fé em Deus…
E a propósito deste absurdo, conta-se a anedota do prior rouquíssimo que aceitou que fosse o seu sacristão a subir ao púlpito e dar o sermão sobre a ressurreição do evangélico Lázaro. O digno pároco ficou em baixo e foi corrigindo uns quantos dislates proferidos pelo acólito. Este, ao chegar ao fim da prédica afirmou que Jesus impusera as mãos sobre o sarcófago e dissera: “Lázaro, levanta-te e anda. E o morto levantou-se e andeu”.
O sacerdote desfechou para cima um autoritário e veemente correctivo: “É andou, estúpido, é andou, estúpido!” O sacristão assim alertado, concluiu então a prédica: “Pois, minhas irmãs e meus irmãos, peço-vos desculpa do que anteriormente disse, pois o que devia ter afirmado era: o Lázaro andou estúpido durante três dias, mas depois, passou-lhe”…
O País, cada vez mais abespinhado e de olhos esbugalhados, suspendeu as marchas, os balões, os festões que tinham sobrado das festas dos Santos Populares e deu por ele a pensar na anedota criminosa que estava a ser contada por um qualquer extraterrestre que descera inadvertidamente neste – a expressão é do famigerado Professor Doutor Oliveira Salazar – cantinho à beira-mar plantado.
À saída do Palácio de Belém, o (ainda) primeiro-ministro afirmou estar ainda à procura de "uma fórmula para garantir o apoio político do CDS" ao Governo, o que pode indiciar - de acordo com o Jornal de Notícias - a via de um acordo de incidência parlamentar, que deixe o PSD sozinho no Executivo. Aqui não grafo o (des) pois cito o quotidiano portuense. E voltou a dizer que tudo fará para garantir "as condições que são necessárias para que o Governo prossiga o seu trabalho".
Trata-se de esquizofrenia aguda, trata-se de autismo elevado ao quadrado, trata-se de incontinência cerebral esta desfaçatez de PPC. Ao fim de três reuniões três (para utilizar a linguagem tauromáquica) com o inefável Paulo Portas, o “chefe” do (des)Governo o mais que conseguiu bolsar para cima dos representantes dos órgãos da comunicação social foi este destempero.
Portas, manhoso q.b., já tinha conseguido deitar pela borda fora o inconcebível Gaspar; mas não contente com a proeza, apresentou a sua própria demissão a propósito da nomeação para o Ministério das Finanças da ministra Maria Luís que deve ter sido mais efémera do que uns quantos titulares de pastas diversas na I República. Não sei até se terá batido o recorde da menor permanência no Poder: mas se isso se verificou é conveniente que Passos informe, quiçá por nota oficiosa o Livro Guiness.

Etiquetas: