22.7.13

Vindo da irrealidade Cavaco pousou ontem

Por Ferreira Fernandes
COMO dizia no sábado, no seu blog, o muito avisado José Medeiros Ferreira: "É preciso muita paciência para assistir às notícias sobre o malogro das negociações interpartidárias promovidas pelo PR como se fosse uma novidade." De facto, o malogro do acordo e o discurso de Cavaco de ontem estavam escritos nas estrelas. Na verdade, verdadinha, o discurso de Cavaco de ontem estava escrito no discurso de Cavaco do dia 10. O grémio dos comentadores nunca me há de desculpar eu ter aberto a minha crónica do dia 11, assim: "O Presidente lá deu o aval esperado, uma semana depois de ouvida tanta gente. Previsível, a situação política...." Deu o aval?! Mas então as palavras de Cavaco Silva não estraçalhavam o remodelado Governo PSD/CDS? Não introduziam a novidade de um PSD/CDS com acordo do PS? Não continham a genialidade de amarrar o PS com o rebuçado de eleições em 2014? Não - dizia eu a 11, o que o PR confirmou a 21. Mas dizia eu, admito agora, de forma bruta. Agi como aquele empata de um programa antigo da SIC que veio expor os segredos da magia. Foi injusto para um grémio que, diga o que se disser, vai a contracorrente da crise: na comentadoria política não há desemprego. Até os há sábios, como o Lobo Xavier, da Quadratura do Círculo, que há dias disse: "Quando se diz uma coisa fora da lógica, desconfio..." Foi dele que me servi quando vi o PR a esbracejar ideias absurdas. Disse-me: deixa-o pousar. Pousou ontem.
«DN» de 22 JUl 13

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