Vindo da irrealidade Cavaco pousou ontem
Por Ferreira Fernandes
COMO dizia no sábado, no seu blog, o muito avisado José Medeiros Ferreira:
"É preciso muita paciência para assistir às notícias sobre o malogro das
negociações interpartidárias promovidas pelo PR como se fosse uma
novidade." De facto, o malogro do acordo e o discurso de Cavaco de ontem
estavam escritos nas estrelas. Na verdade, verdadinha, o discurso de
Cavaco de ontem estava escrito no discurso de Cavaco do dia 10. O grémio
dos comentadores nunca me há de desculpar eu ter aberto a minha crónica
do dia 11, assim: "O Presidente lá deu o aval esperado, uma semana
depois de ouvida tanta gente. Previsível, a situação política...." Deu o
aval?! Mas então as palavras de Cavaco Silva não estraçalhavam o
remodelado Governo PSD/CDS? Não introduziam a novidade de um PSD/CDS com
acordo do PS? Não continham a genialidade de amarrar o PS com o
rebuçado de eleições em 2014? Não - dizia eu a 11, o que o PR confirmou a
21. Mas dizia eu, admito agora, de forma bruta. Agi como aquele empata
de um programa antigo da SIC que veio expor os segredos da magia. Foi
injusto para um grémio que, diga o que se disser, vai a contracorrente
da crise: na comentadoria política não há desemprego. Até os há sábios,
como o Lobo Xavier, da Quadratura do Círculo, que há dias disse: "Quando
se diz uma coisa fora da lógica, desconfio..." Foi dele que me servi
quando vi o PR a esbracejar ideias absurdas. Disse-me: deixa-o pousar.
Pousou ontem.
«DN» de 22 JUl 13 Etiquetas: autor convidado, F.F
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