16.8.13

Alzheimer – nem todos os Alemães se chamam Merkel

Por Antunes Ferreira
NESTE vale de lágrimas que todos os dias faz aumentar o tradicional pessimismo lusitano – como se isto fosse possível… - há momentos e casos e nomes que nos fazem sentir que (ainda) gostamos de ser Portugueses. Já não falo de José Mourinho, de Cristiano Ronaldo, de José Saramago ou de Paula Rego, do casal Damásio ou de Joana Vasconcelos. Felizmente entre o genérico Português é igual a mau, mais um nome nos faz bem ao ego. E para quem não segue com atenção o noticiário mais específico, ele chama-se Luís Maia.
É um médico e investigador, do Hospital de Santo António no Porto. Que, juntamente com Stephan Kaeser, do Hertie Institute for Clinical Brain Research em Tübingen, na Alemanha, identificaram alterações nas proteínas beta-amiloide e tau no fluído cérebroespinal em ratinhos geneticamente modificados para sofrer de uma condição paralela à Doença de Alzheimer. Estou a ver alguns zelosos defensores dos diretos dos animais: coitados dos animaizinhos. Adiante. 
Respigo da comunicação social: “Este é um importante passo no sentido de se poder vir a usar estes modelos animais antes que desenvolvam a doença e, com isso, compreender como ela evolui nos humanos, já que a Doença de Alzheimer começa a instalar-se dez a vinte anos antes do surgimento dos primeiros sintomas ou danos cerebrais”.
O número de pessoas que sofrem de Doença de Alzheimer tem vindo a aumentar com o envelhecimento da população, e prevê-se que em 2020 ela afecte cerca de 70 milhões de pessoas no mundo. Por isso, torna-se urgente diagnosticar a doença numa fase pré-sintomática. Neste sentido, vários cientistas têm tentado identificar biomarcadores da doença, como proteínas no sangue, no fluido cérebroespinal, mutações genéticas ou alterações cerebrais detetáveis através de imagiologia. 
A Doença de Alzheimer é um assassino oculto e lento. Desenvolve-se sem as pessoas darem por isso: os cidadãos comuns sem tal patologia e os afectados que nem sabem o que irão passar. Entre os primeiros alinham-se os familiares dos desgraçados que se vão degradando no dia-a-dia, que sofrem tremendamente com essa queda no abismo como se fora ao retardador. E há muito boa gente que, exausta pela luta travada contra uma maleita incurável, pede o fim do paciente: face a esta horrível situação, recorda o Povo que “antes a morte do que tal sorte”.
Face a um mal hediondo como este, a medicina tem vindo a batalhar ingloriamente, sabendo porem que é uma luta infinda, melhor dizendo, que conduz à morte, mas através de provações inqualificáveis. Entra aqui um considerando que não é fatalista, mas é verdadeiro: a única coisa que temos por certo na vida – é a morte. Recito, também, e uma outra vez, o que diz o Povo. “Ninguém fica cá para semente…” O que é, inapelavelmente, uma verdade. A verdade.
Os crentes falam na Via Sacra da Semana Santa que para eles é o trajecto seguido por Jesus carregando a cruz, que vai do Pretório até ao Calvário. Para tanto, Cristo tem de percorrer, lúgubre, as catorze estações ou etapas que compõem a Via também chamada Crúcis. Para os não crentes. Como é o meu caso, a Doença de Alzheimer é igualmente uma Via Sacra, naturalmente para o doente que vai definhando inexoravelmente, mas também para os familiares e os amigos e os próprios clínicos que a ela assistem, impotentes. Eu próprio já vivi e por três vezes o declínio de três familiares que me eram muito próximos e muito queridos.
A colaboração entre Luís Maio e Setephan Kaeser, para além de significar um novo passo na prevenção da Doença e, quem sabe? o desbravar de um caminho que a venha a curar, o que seria fantástico, diz ainda que é possível e até louvável a colaboração entre um Português e um Germânico procurando alcançar um objectivo: o bem da Humanidade. Felizmente, nem todos os Alemães se chama Angela Merkel. E o Adolf Hitler era Austríaco.

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2 Comments:

Blogger brites said...

Eu gosto de animais e não é um tonto qualquer ,com piadolas ou bicadas de mau gosto que vai esmorecer os meus sentimentos,claro.

De qualquer modo,seria um página mais limpa,se alguns radicais do mau gosto,emigrassem...

18 de agosto de 2013 às 10:52  
Blogger Unknown said...

A "secreta" Brites, ou seja uma anónima mascarilhada (gosto de inventar palavras; se o suposto PR diz façarei...), defende os animais - muitos parabéns.

Se as "piadolas ou bicadas de mau gosto" me são dirigidas, agradeço. A Liberdade, que defendi nos tempos salazarentos, defendo e defenderei leva a que tais coisas se digam sem recurso a tribunais de opinião para as condenar.

Já no que concerne ao apelo à emigração, desde que o dito PM o fez, os outros que o seguem não me merecem qualificativos.

21 de agosto de 2013 às 22:32  

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