21.8.13

«Dito & Feito»

Por José António Lima
JÁ SE DISSE que António José Seguro, ao apostar tudo, nos últimos meses e quando a legislatura ainda não ia a meio, na queda do Governo PSD/CDS e em eleições antecipadas, corria um elevado risco. O de ficar, ele e o PS, sem discurso político para os tempos que se seguem. Foi precisamente o que aconteceu. Essa aposta caiu por terra quando Seguro rompeu as negociações promovidas por Belém e viu ser afastado de vez qualquer cenário de eleições antecipadas.
Seguro rompeu por não querer dar o acordo socialista aos cortes da despesa pública já definidos na 7.ª avaliação da troika. Rompeu mesmo sabendo que, no dia em que o PS regressar ao Governo, em 2015 ou mais tarde, ver-se-á obrigado a uma política semelhante ou ainda mais rigorosa. Ao romper, o líder socialista não revelou visão política nem sabedoria para assumir um compromisso de governação a prazo (que acabaria por jogar a seu favor), teve receio das pressões internas do partido (de Mário Soares aos socratistas) e perdeu uma oportunidade única de afirmação da sua liderança.
Agora, só resta a Seguro radicalizar ainda mais o discurso. Como fez esta semana, a propósito das pensões da CGA: “Votaremos contra, no Parlamento, qualquer corte nas reformas e nos pensionistas”. E, confundindo-se com a oratória do BE, prometeu mesmo: “Quando o PS voltar ao Governo, será uma das primeiras leis que nós revogaremos para devolver essa parte das pensões aos portugueses”. É o retrocesso às velhas fórmulas oposicionistas de prometer sempre o oposto do Governo (que não poderia, aliás, cumprir se um dia chegasse ao poder). E é, também, o caminho para Seguro desbaratar o que resta da sua credibilidade política.
Partidariamente enfraquecido, só uma vitória retumbante nas autárquicas de 29 de Setembro poderia evitar a queda anunciada da sua liderança. E isso implicaria – além do triunfo garantido de António Costa em Lisboa – retirar ao PSD câmaras como o Porto, Coimbra, Gaia, Oeiras, Sintra ou Viseu. Assim como não perder autarquias que sempre foram do PS, como Braga ou a Guarda. Só a conjugação de todos esses resultados salvaria Seguro. O que parece cada vez mais improvável.
«SOL» de  16 Ago 13

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3 Comments:

Blogger brites said...


Se optasse por uma estratégia diferente,com os riscos inerentes, seria igualmente criticado.
Preso por ter cão, preso por não ter, é o rico que qualquer líder corre neste momento, em que os alçapões para o fazer desaparecer,vão sendo congeminados ...até pelo "querido" presidente do psd em belém,AC.S.

21 de agosto de 2013 às 19:28  
Blogger Agostinho said...

Tudo leva a crer que AJS será um líder de transição.
Não tem perfil para chegar ao fim da maratona.Se PPC apresenta a imagem de alguém envelhecido, cansado, que se move por inércia, o AJS nas mesmas circunstâncias estaria ainda pior.
Há medida que o tempo passa, cada vez mais, se percebe que afinal adotou a velha cartilha da promessa-mentira.
Apareçam os dois na montra e o diabo que escolha.Irá o povo nas próximas eleições fazer uma demonstração inequívoca que permita mudar a lógica instalada há tantos anos, com os resultados que se sabe?
Apenas a abstenção aumentará para que se cumpra o fado: tudo ficará na mesma. Como a lesma!

21 de agosto de 2013 às 21:43  
Blogger Unknown said...

O Sr. José António Lima, seja qual for o partido dele, tem, pelo menos, uma constante: atacar o PS.

Vejam-se todos os escritos que vem produzido e ver-se-á também que o alvo das suas intrincadas premissas e mais incompreensivas - se tal é possível - conclusões, é o Partido Socialista. E, acrescente-se: é o PS que temos. Tudo o mais são hipóteses.

No tempo de Sócrates tudo estava mal para o referido Senhor; as coisas boas que se fizeram, nem nelas o Senhor Lima tocava. Tocar, sim, para convocar à porrada sobre o ex-primeiro-ministro e seus acompanhantes.

Agora, quanto a António José Seguro. Se o secretário geral dos socialistas alinhasse com a "maioria" (as aspas querem significar que o PSD+PP já não o são,pelo menos tomando em conta a reacção dos Portugueses), repito, se Seguro assim procedesse, logo Lima viria a bradar; aqui d'el Rei!!!!"

Seguro não alinhou pelos integrantes do fatídico (des)Governo: aqui d'el Rei!!!! - também. Terá de se lhe aplicar o preso por ter cão e preso por não o ter...

Penso que será a altura de pedir (naturalmente por favor) o que ele faria num imbróglio como é este em que vivemos). Já não se perguntaria quel a sua cor: arriscavamo-nos a ouvir que é a cor de burro quando foge.

E, para ser coerente, não escrevo na qualidade de defensor do António José Segura; não sobre a sua fragilidade; não sobre as suas promessas como oposição (que depois, quiçá õ seriam cumpridas); não porque seja PS. Ninguém o ignora que sou.

Escrevo em nome de um "princípio" que nunca usei, não uso, nem usarafacei: uma no cravo, outra na ferradura...

21 de agosto de 2013 às 22:22  

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