«Dito & Feito»
Por José António Lima
JÁ SE DISSE que António José Seguro, ao apostar tudo, nos últimos meses e
quando a legislatura ainda não ia a meio, na queda do Governo PSD/CDS e
em eleições antecipadas, corria um elevado risco. O de ficar, ele e o
PS, sem discurso político para os tempos que se seguem. Foi precisamente
o que aconteceu. Essa aposta caiu por terra quando Seguro rompeu as
negociações promovidas por Belém e viu ser afastado de vez qualquer
cenário de eleições antecipadas.
Seguro rompeu por não querer dar o
acordo socialista aos cortes da despesa pública já definidos na 7.ª
avaliação da troika. Rompeu mesmo sabendo que, no dia em que o PS
regressar ao Governo, em 2015 ou mais tarde, ver-se-á obrigado a uma
política semelhante ou ainda mais rigorosa. Ao romper, o líder
socialista não revelou visão política nem sabedoria para assumir um
compromisso de governação a prazo (que acabaria por jogar a seu favor),
teve receio das pressões internas do partido (de Mário Soares aos
socratistas) e perdeu uma oportunidade única de afirmação da sua
liderança.
Agora, só resta a Seguro radicalizar ainda mais o
discurso. Como fez esta semana, a propósito das pensões da CGA:
“Votaremos contra, no Parlamento, qualquer corte nas reformas e nos
pensionistas”. E, confundindo-se com a oratória do BE, prometeu mesmo:
“Quando o PS voltar ao Governo, será uma das primeiras leis que nós
revogaremos para devolver essa parte das pensões aos portugueses”. É o
retrocesso às velhas fórmulas oposicionistas de prometer sempre o oposto
do Governo (que não poderia, aliás, cumprir se um dia chegasse ao
poder). E é, também, o caminho para Seguro desbaratar o que resta da sua
credibilidade política.
Partidariamente enfraquecido, só uma
vitória retumbante nas autárquicas de 29 de Setembro poderia evitar a
queda anunciada da sua liderança. E isso implicaria – além do triunfo
garantido de António Costa em Lisboa – retirar ao PSD câmaras como o
Porto, Coimbra, Gaia, Oeiras, Sintra ou Viseu. Assim como não perder
autarquias que sempre foram do PS, como Braga ou a Guarda. Só a
conjugação de todos esses resultados salvaria Seguro. O que parece cada
vez mais improvável.
«SOL» de 16 Ago 13Etiquetas: autor convidado, JAL
3 Comments:
Se optasse por uma estratégia diferente,com os riscos inerentes, seria igualmente criticado.
Preso por ter cão, preso por não ter, é o rico que qualquer líder corre neste momento, em que os alçapões para o fazer desaparecer,vão sendo congeminados ...até pelo "querido" presidente do psd em belém,AC.S.
Tudo leva a crer que AJS será um líder de transição.
Não tem perfil para chegar ao fim da maratona.Se PPC apresenta a imagem de alguém envelhecido, cansado, que se move por inércia, o AJS nas mesmas circunstâncias estaria ainda pior.
Há medida que o tempo passa, cada vez mais, se percebe que afinal adotou a velha cartilha da promessa-mentira.
Apareçam os dois na montra e o diabo que escolha.Irá o povo nas próximas eleições fazer uma demonstração inequívoca que permita mudar a lógica instalada há tantos anos, com os resultados que se sabe?
Apenas a abstenção aumentará para que se cumpra o fado: tudo ficará na mesma. Como a lesma!
O Sr. José António Lima, seja qual for o partido dele, tem, pelo menos, uma constante: atacar o PS.
Vejam-se todos os escritos que vem produzido e ver-se-á também que o alvo das suas intrincadas premissas e mais incompreensivas - se tal é possível - conclusões, é o Partido Socialista. E, acrescente-se: é o PS que temos. Tudo o mais são hipóteses.
No tempo de Sócrates tudo estava mal para o referido Senhor; as coisas boas que se fizeram, nem nelas o Senhor Lima tocava. Tocar, sim, para convocar à porrada sobre o ex-primeiro-ministro e seus acompanhantes.
Agora, quanto a António José Seguro. Se o secretário geral dos socialistas alinhasse com a "maioria" (as aspas querem significar que o PSD+PP já não o são,pelo menos tomando em conta a reacção dos Portugueses), repito, se Seguro assim procedesse, logo Lima viria a bradar; aqui d'el Rei!!!!"
Seguro não alinhou pelos integrantes do fatídico (des)Governo: aqui d'el Rei!!!! - também. Terá de se lhe aplicar o preso por ter cão e preso por não o ter...
Penso que será a altura de pedir (naturalmente por favor) o que ele faria num imbróglio como é este em que vivemos). Já não se perguntaria quel a sua cor: arriscavamo-nos a ouvir que é a cor de burro quando foge.
E, para ser coerente, não escrevo na qualidade de defensor do António José Segura; não sobre a sua fragilidade; não sobre as suas promessas como oposição (que depois, quiçá õ seriam cumpridas); não porque seja PS. Ninguém o ignora que sou.
Escrevo em nome de um "princípio" que nunca usei, não uso, nem usarafacei: uma no cravo, outra na ferradura...
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