O tamanho interessa?
Por Ferreira Fernandes
EM POUCO mais de um século (1870-1980), os machos europeus cresceram um centímetro por década. O estudo da revista Oxford Economic Papers revela que houve, também aqui, uma Europa a duas velocidades. Crescimento rápido nos países do Norte e centrais, entre as duas grandes guerras, e forte crescimento, a partir de 1945, nos países da Europa do Sul. O crescimento referido é em altura, o que corta pela raiz todas as alusões ao tamanho sexual. É pena porque esta última questão ainda podia alimentar uma discussão com algum interesse, há controvérsia. O outro, o crescimento longitudinal, da sola dos pés ao cocuruto, esse, é um desperdício a que eu chamaria gigantesco não fosse o jogo fácil de palavras. Os dinamarqueses nascidos entre 1976 e 1980 atingiram uma média de 1,82 m mas esqueceram-se de avisar os arquitetos e os apartamentos são cada vez menores. Os homens portugueses mediam em média 1,64 m em 1911, quando Gago Coutinho e Sacadura Cabral ainda andavam a pé a medir as fronteiras do leste de Angola, e 1,72 m em 1980, quando começámos todos a partir de férias de avião. Quer dizer, os tolos dos europeus puseram-se a crescer quando lhes encurtaram os sítios onde os punham! Cientistas discutem a razão deste crescimento. Melhor alimentação? Saúde?... O que sei, pelos resultados nos joelhos de quem anda de avião em turística, é que esta medida (a de crescermos disparatadamente) só pode ter vindo do FMI e da Comissão Europeia.
«DN» de 3 Set 13 Etiquetas: autor convidado, F.F
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