6.9.13

Os dinossauros podem emigrar

Por Ferreira Fernandes
SEARA, Menezes e os dinossauros em geral vão poder candidatar-se. E ainda bem. A Lei da Limitação de Mandatos era ambígua sobre a possibilidade dos autarcas já eleitos três vezes poderem repetir uma quarta candidatura noutra câmara. Sobre essa ambiguidade não ficaram dúvidas: passámos meses a ver tribunais como baratas tontas. Pode, não pode (por exemplo, em Loures, sim, em Lisboa, não...) Ontem, o Tribunal Constitucional decidiu a possibilidade de três mandatos passarem a quatro, logo que os dinossauros fossem cantar para outra freguesia. Se bem se lembram, uma das razões da dúvida repousava, no texto da lei, num "de" substituído por um "da" (ou um "da" por um "de", já me perdi), o que, sendo bizantino, era um passo em frente na clareza das leis: já se discutiram outras por causa de uma vírgula... Enfim, os juízes lá se desembrulharam. Espero agora que os políticos defensores de outra leitura para o "espírito da lei" não se atirem ao Tribunal Constitucional - a culpa do imbróglio cabe-lhes só a eles, aos políticos que complicaram. Se os deputados não sabem falar claro, frequentem os cafés. O cidadão comum que se chega ao balcão já sabe o "espírito" daquilo que quer. Então, pede uma bica cheia ou curta, um abatanado, garoto ou carioca. E o cidadão do outro lado do balcão entende-o. 
Aprendam, deputados. Quem passa a vida a discursar com pompa, não pode estar sempre a precisar de tipos de toga a traduzi-lo.
"DN" de 6 Set 13

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3 Comments:

Blogger Agostinho said...

Temos de reconhecer aos autarcas-emigrantes direitos adquiridos pelo cumprimento de dois mandatos autárquicos. Era um desperdício deixá-los de fora, no desemprego. O TC esteve muito bem na interpretação da lei valorizando a experiência acumulada. Para bem do país quantos mais melhor. E poupa-se muito gravito.

Se a lei vai ser revista os senhores deputados poderiam alargar o âmbito da coisa. Estão sempre a tempo de criar uma carreira segura e digna para os políticos. Em vez de serem escolhidos pelos partidos abria-se concurso público para ingresso na função/lugar da carreira, submetendo-se previamente os candidatos a sufrágio do povo. Os mais cotados seriam investidos nos lugares a que se tinham candidatado e, por fim, cada um escolhia a cor da camisola (partido) preferida. Aí sim, teríamos uma democracia a sério! Acabe-se com o carreirismo na função pública e reserve-se esse privilégio apenas para a casta superior da nação: os políticos.

Sabemos que temos ao leme um homem corajoso. Na verdade, não se sabe se ele tem alguma coisa em mãos, mas que tem uma fé na revolução tem, não vira a cara à luta. Quando nos deixar, daqui a três meses, um ano ou cinco anos (logo que se atinjam os objetivos delineados superiormente) vamos todos estar bem ajustados à canga. Pachorrentamente iremos lavrar o campo dos nossos amos cumprindo os seus desígnios.

8 de setembro de 2013 às 23:40  
Blogger Bmonteiro said...

29 Setembro:
Início ajuste contas.
A bem do Regime.

9 de setembro de 2013 às 09:12  
Blogger Táxi Pluvioso said...

Viva os autarcas gafanhotos! o povo gosta deles.

9 de setembro de 2013 às 10:23  

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