12.9.13

Papa Francisco volta a atacar

Por Ferreira Fernandes
OS LÍDERES têm gestos naturais (ou que são entendidos pelos seus como tal). Não olhem à volta, por cá é uma pobreza franciscana. 
Por falar nisso, mas em sentido oposto, o Papa Francisco é cada vez mais um caso. Quando foi eleito, o cardeal brasileiro Cláudio Hummes pediu-lhe: "Não se esqueça dos pobres." O argentino fez-lhe a vontade e fez-se chamar Francisco, como o santo de Assis, Il Poverello, O Pobrezinho. Mas podia ser só demão, como o "camauro", o gorro púrpura de Bento XVI que pretendia sublinhar a tradição e não foi entendido. Já o Papa Francisco colou-se à ideia dos pobres. Esta semana foi ver emigrantes, disse uma palavra, "solidariedade" (palavra que em polaco, solidarnosc, já fez uma revolução), e lembrou que os conventos vazios das ordens religiosas "não são nossos", dos religiosos. São dos "últimos", os desapossados de tudo. 
Os líderes com gestos naturais podem usar estes termos excessivos sem cair no ridículo. E por que estão vazios tantos conventos? Por falta de vocações. Pietro Parolin, o novo secretário de Estado do Vaticano, apontou ontem uma das razões dessa falta: o celibato obrigatório dos padres. E disse que o celibato não é dogma. O cardeal Hummes quando chegou a um cargo no Vaticano, em 2006, dissera o mesmo. Marginalizaram-no. Desta vez, Parolin foi escutado. O Papa Francisco é conservador e líder natural. Eis duas condições para revolucionar as instituições milenárias.
«DN» de 12 Set 13

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