13 a 0, o resultado sem dó
Por Ferreira Fernandes
Albert Einstein, como tão bem sabem, escreveu "Folgerungen aus den Kapillarität Erscheinungen". Quando a prestigiada revista científica Annalen der Physik publicou o artigo, em 1901, os jornais portugueses no dia seguinte devem ter sido enfadonhos. A mecânica dos fluidos, para aqui, a tensão de superfície, para ali, o princípio de Bernoulli e as equações de Navier-Stokes devem ter enchido as gazetas... Não li, mas suponho porque ontem li e ouvi os nossos comentadores. Desta vez é sobre constitucionalismo, como há cento e tal anos era sobre os fenómenos de capilaridade de Einstein - continuamos todos a saber tudo. Somos, para tudo, o que o Luís Freitas Lobo é para o futebol - refinadíssimos especialistas. Isso é bom, com um porém: às vezes, aparece um William de Carvalho e não damos por ele.
Ontem, no meio da multidão do constitucionalismo, ninguém fez uma conta simples: 13 a 0. Era o essencial do assunto.
O Tribunal Constitucional tem de subordinar as leis à Constituição. O TC são dez juízes escolhidos pelos partidos e três pelos próprios juízes - se as votações são renhidas pode suspeitar-se de que o partidarismo teve alguma influência. Mas se a votação for unânime, uma coisa é certa: quem fez a lei é um nabo incapaz de prever o óbvio. Como um chumbo atrasa e prejudica o País, esse governante que nem sabe ver uma obviedade deve ser apontado.
O 13 a 0 era para ser dito e passar a outro assunto, 13 a 0 é um resultado sem dó.
«DN» de 21 Dez 13Etiquetas: autor convidado, F.F
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