14.12.13

Passos devia treinar com "selfies"

Por Ferreira Fernandes
O selfie, a mania do autorretrato, é a palavra do ano em inglês: aumentou 17 000 por cento em 2013 e vai entrar nos dicionários. A primeira-ministra dinamarquesa a fotografar-se no funeral de Mandela confirmou a mania planetária. 
O selfie, acho, foi inventado por Van Gogh, posando para o seu autorretrato com a orelha cortada. Os hábitos tornaram-se menos violentos e agora, no selfie da dinamarquesa, Obama já aparece só com as orelhas a arder pelo olhar furibundo de Michelle. Enquanto isso, São Pedro recebia Mandela e tratou logo de fazer um selfie... Os anjos gozaram: "Quem é aquele velho de barbas, chaves na mão e túnica branca, ao lado de Mandela?" 
Por cá, os selfies também se tornaram imparáveis. Se Belmiro de Azevedo não os faz - "eu é mais selfie-made man", gaba-se -, já o empresário Alexandre Soares dos Santos estica-se até à Holanda para clicar e, naturalmente, fica com a imagem tremida aqui. 
Fazer um selfie não é só fazer o autorretrato mas também colocá-lo na internet; por cada um que chega às redes sociais, há dezenas que são apagados. Era um bom treino para Passos Coelho. Aprender com os autorretratos que o que não presta é para ser apagado, livrar-nos-ia, em matérias mais graves que os selfies, que tanta coisa estragada chegasse até nós. Ténue esperança, mas Seguro não nos dá maior. Ele tem uma aplicação de imagem e som no seu smartphone e quando faz um selfie o ecrã fica cinzento e o aparelho diz: "Ninguém."
«DN» de 14 Dez 13

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