1.2.14

Ó pra mim a ser do contra!

Por Ferreira Fernandes 
Em 2012, o Governo decidiu abolir quatro feriados. O argumento foi o do aumento da competitividade na economia, perigosa forma de justificar o que quer que seja em Portugal já que o tempo encarrega-se sempre de desmentir. 
Mas, em todo o caso, o fim dos feriados não é o meu ponto, hoje. Aceito que haja prós e haja contras e até gosto que, uns e outros, se expressem de forma irada ou em aclamação - na opinião, a palavra gritada tem pelo menos o mérito de abanar a morrinha. Ainda há um mês, Marcelo, na sua habitual missa na TVI, vergastou: "Acho que a abolição dos feriados foi das coisas mais estúpidas deste Governo." Paf!, sem paninhos quentes. Devíamos falar assim mais vezes, nas homilias e nos debates, nas conversas entre amigos e nos conselhos de administração. Sendo a nossa tendência pegar a palavra de cernelha, agarrá-la pelos cornos só nos faria bem. E também no Parlamento não ficava mal mais força na voz. Outra coisa, porém, é o tom gritado ser, não na opinião, mas num projeto de lei. Os projetos de lei não são lugares de trincheira, como a opinião pode ser, mas de abrangência de ação. Não querem dividir, mas unir e alargar. Assim, quando o PCP apresenta um projeto de lei com o título de "Reposição dos Feriados Roubados", não estava interessado em ganhar um projeto de lei. Depois, mudou "roubados" para "abolidos" e perdeu a votação mas nada disso interessa. Ele só queria fazer prova de vida de oposição. Estéril. 
«DN» de 1 Fev 14

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