20.2.14

Portas, o 8.º marido de Zsa Zsa Gabor

Por Ferreira Fernandes 
Gosto de Paulo Portas, que me fala em bom português. O esforço que ele se dá em não ser irrevogavelmente enfadonho, de tão raro nos atuais líderes, compensa o pecadilho de mentir, e muito, que compartilha com a maioria dos seus colegas políticos. Ontem, porém, desiludiu-me. Sendo o 8.º governante a falar numa sessão pública, aproveitou-se: "Sinto-me como o 8.º marido de Zsa Zsa Gabor, quando disse: não sei como fazer isto de forma inédita e interessante..." Citou mal, Felipe de Alba, o tal 8.º, nem isso o foi, no dia seguinte o casamento foi anulado: ela ainda não se divorciara do 7.º. Então, porque não se repetiu o casamento? "Porque ele era aborrecido", respondeu a atriz. Eis o erro de Portas: numa conferência patrocinada por The Economist, citou um chato. Podia ter citado o 6.º marido, Jack Ryan, um engenheiro eletrónico, cuja formação técnica não o impediu de inventar a boneca Barbie - não era isso um incentivo para os nossos engenheiros irem para o Vale do Ave? E, sobretudo, Portas devia era ter citado a própria Zsa Zsa: "Sou uma maravilhosa dona de casa. De cada vez que me divorcio, fico dona da casa" - não deveria ser esse o estado de espírito para quando o FMI partir? E a receita dela para a dívida é boa: "Eu nunca odiei um homem a ponto de lhe devolver os diamantes!" Zsa Zsa até tinha a explicação para as reconciliações da coligação: "Divorciar só porque não amamos um homem é tão parvo como casar só porque o amamos." 
«DN» de 20 Fev 14

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