As maldições também se abatem
Por Ferreira Fernandes
Há por aí grande temor pela alegada maldição de Béla Guttmann. Tinha o Benfica ganho duas taças europeias (1961 e 62) e o treinador húngaro pediu aumento. O clube recusou. Então, Béla Guttmann lançou: "Sem mim, nem daqui a cem anos o Benfica ganha outra taça europeia". Disse? Não disse? De facto, só se começou a falar da maldição quando o Benfica falhou uma final, depois outra e assim por diante. Até hoje, já vai na sétima a morrer na praia - as mortes do Benfica estão empatadas com as vidas dos gatos. Se isso não cria uma lenda... Dou, pois, de barato, Béla Guttmann preferiu mesmo mandar uma boca a recorrer ao Tribunal de Trabalho (era estrangeiro, não sabia que em Portugal a entidade patronal perde sempre). E, assim, perdemos todos. Agora, o Benfica aceitou a maldição e decidiu dar-lhe a volta. No Estádio da Luz, ergueu uma estátua a Béla Guttmann para apaziguar os maus espíritos (e, ao mesmo, sem ceder à reivindicações exageradas do húngaro: fez a estátua em bronze, metal modesto). Por outro lado, o clube contratou jornalistas parciais e venais (é o meu caso) para propagar uma contramaldição. Em 1519, zarpou de Sevilha uma equipa treinada pelo português Fernão de Magalhães. Dois anos depois, na ilha de Mactan, Filipinas, os espanhóis abandonaram o treinador na praia e regressaram a Sevilha. Tenho o e-mail que Fernão Magalhães me mandou: "Sem mim, nem daqui a 500 anos Sevilha vai lá!" Maldição por maldição, vale a mais antiga.
«DN» de 14 Mai 14Etiquetas: autor convidado, F.F
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