Eleições europeias: ganhou Putin
Por Ferreira Fernandes
A região leste da Ucrânia vai domingo às urnas para votar a sua saída ou não do país. A maioria da população é russa e é provável que o referendo decida a separação. Quer dizer, há risco de aumentarmos em breve os nossos conhecimentos geográficos: saberemos o que são Donetsk e Lugansk porque as guerras são pródigas em ensinar nomes efémeros (quem se recorda de Vukovar e Pristina, apesar de terem sido manchete quando da guerra recente que andou pelos Balcãs?) A Ucrânia vai para a guerra e nós para mais nomes. Ela perde e nós não ganhamos nada. E podíamos ganhar. Podíamos aprender o que é política. Só nesta semana, vejam como Putin a fez. Quarta-feira, ele propôs que os seus amigos secessionistas do Leste da Ucrânia adiassem o referendo. Eles não vão adiar, mas Putin apareceu como moderado. Depois do beijo na boca de quarta, ele deu dois murros nos dentes, ontem: primeiro, no desfile do fim da II Guerra Mundial, em Moscovo, Putin mostrou o melhor das suas Forças Armadas, surpreendentemente modernizadas; depois, viajou para a Crimeia (região oficialmente ucraniana) e discursou como um patriota russo. Com a força não podemos aprender nada, Putin tem-na e a Europa não. Mas com o saber que ele mostrou de ser dialético - o sim e o não para dar um passo em frente, isto é, a base da política - aprendíamos muito. Política... A Europa vai a votos dentro de dias, já alguém ouviu política?
«DN» de 10 Mai 14Etiquetas: autor convidado, F.F
1 Comments:
Na guerra do Iraque apareceram as "provas" antes da intervenção, para que não tivéssemos dúvidas!, de que se tratava de uma guerra justa...
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