Descobrimentos dos Pequeninos
Seis homens e outras tantas gravatas, entre empresário, primeiro-ministro, secretário de Estado da Cultura, guarda-costas e desconhecidos, encafuados numa caravela do tamanho de um táxi não dão boa imagem. Havia também quedas de água que pareciam poupar na água e um elefante e um rinoceronte também minorcas a ponto de poderem ter saltado para o táxi mas que, não o tendo feito, não justificam o guarda-costas e retiraram emoção à visita de Passos Coelho, ontem, ao novo Museu dos Descobrimentos no Porto. Se uma foto vale por mil palavras, as três ou quatro fotografias que farão a alegria dos jornais e blogues vão garantir, hoje, que ali não houve grandeza. E, no entanto, o primeiro-ministro fez bem em se mostrar naquela visita. Aquele museu é tão incipiente como chegar à costa da Mina quando a intenção era ir buscar pimenta à Índia - mas o bolinar das caravelas (e dos museus) faz-se caminhando. E a verdade é que se o Porto tem aquele Museu dos Descobrimentos, Lisboa não teve nenhum para mostrar aos 18 mil turistas dos seis navios de cruzeiro que ontem fundearam no Tejo. Assim é de aplaudir o museu do Porto e eu só não aplaudo mais por ele vir na esteira do Portugal dos Pequeninos que hoje nos tolhe como nunca. Receio que ontem se tenha celebrado ali a impossibilidade de Portugal (Portugal!) não poder ter o rasgo e grandeza de um Museu do Vasa em Estocolmo. Parece que também nisso de Descobrimentos temos de ser modestos.
«DN» de 7 Mai 14Etiquetas: autor convidado, F.F
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