Líder Seguro, nem uma coisa nem outra
Por Ferreira Fernandes
Então, temos uma moção de censura ao Governo. Vocês sabem, aquele Governo que no domingo passado teve uma derrota eleitoral. A próxima vez que ele for a votos, o que será em breve com a tal moção de censura, o Governo ganha. Naturalmente, porque no Parlamento os partidos que apoiam o Governo têm maioria. Quer dizer, a moção de censura servirá para fazer esquecer a derrota recente. Pergunta-se: portanto, a moção de censura, que pretende ser de protesto e vai ter efeito contrário, é tola? Resposta: não é, porque a moção é posta pelo PCP. Ao PCP é irrelevante que a moção passe ou não. A política do PCP não é determinada pela queda dos governos, o PCP vive do seu fundo de comércio que é continuar à margem como o protestador mor. Ele apresenta esta moção, que sabe condenada, não para pôr em causa o Governo mas para entalar o PS. Até aqui, pois, a notícia da moção de censura tem pouca importância, mas está dentro da lógica das coisas. Aqui chegados, passou-se a uma nova situação: ontem, António José Seguro disse que iria votar a moção do PCP, apesar de ser "um claro frete ao Governo." Isto já não é joguinho, é tolice da grossa. O PS, que quer ser a oposição ao Governo, aceita ser acólito de uma iniciativa em que ele próprio não crê e que serve o adversário... António José Seguro não sabe, perante o aviso dos seus resultados eleitorais pífios, reagir com força e inteligência. E nele isso é um caso irremediável: vê-se na cara.
«DN» de 27 Mai 14
Etiquetas: autor convidado, F.F
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