No meu Luxemburgo ninguém toca
Por Ferreira Fernandes
Barack Obama falou para os futuros oficiais, em West Point, lembrando-lhes que serão os primeiros, desde o 11 de Setembro, a não ir combater no Iraque ou no Afeganistão. Não fez um discurso de abandono da liderança americana no mundo, prometeu não ficar indiferente à evolução das guerras civis na Síria, Ucrânia e República Centro-Africana... Mas o importante, como sempre nos discursos de Obama, é encontrar a frase que resume tudo. E essa, ontem, foi: "Lá por termos o melhor martelo não quer dizer que cada problema seja um prego." Como traduziu o Wall Street Journal, a América vai passar a "deslocalizar" as suas intervenções militares. Que sejam os outros a produzir mortos nas zonas de combate, tal como são os bengalis que produzem camisas em prédios sem bocas de incêndio. Em vez de mandar contingentes de marines, a CIA irá preparar guerrilheiros locais, nomeadamente na Síria. Para quem tem memória de um quarto de século, e sabe como correu a preparação dos "aliados do Ocidente" no Afeganistão, entre eles um tal Osama bin Laden, a "nova" tática é dúbia. Mas, oiçam, a América deixou de ser o guarda-chuva para o resto do mundo que gostava e aceitava abrigar-se nele. E é por isso que, além dos milhares de militares alinhados frente a Obama, deveriam ouvir a mensagem os 751 novos eurodeputados, desalinhados. Parece que há desta vez um máximo de eurocéticos, cerca de 140. Pois continuem a preocupar-se só com o quintal de cada um...
«DN» de 29 Mai 14Etiquetas: autor convidado, F.F
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