Costa e o sobressalto do PS profundo
Por José António Lima
Na noite eleitoral de domingo, o PS interiorizou a convicção de que
nunca chegaria ao poder com a liderança de António José Seguro.
Se, após três anos de austeridade e nas mais adversas
circunstâncias sociais e eleitorais sentidas por um Governo, o PS apenas
atingia 31,5% dos votos e mal se distanciava (menos de quatro
pontos) da desgastada coligação no poder, isso só podia demonstrar uma
evidência: em 2015, nas legislativas, Seguro não chegaria lá.
Foi este sentimento de frustração partidária e inconformismo das
bases socialistas que empurrou António Costa, de vez, para se candidatar
à liderança do partido. E a verdade é que Costa, com todas as suas
qualidades e defeitos (como a sua conivência com os piores abusos e
despesismos do socratismo), vem trazer outra dinâmica política e outra
energia partidária ao PS. E à própria vida política do país, que parecia
ter caído num beco de minorias sem saídas.
É certo que Seguro se rodeou, estatutária e formalmente, de
precauções que dificultam Congressos antes das legislativas que o possam
remover da liderança. Mas o sobressalto que o resultado das europeias
provocou no PS profundo – dos militantes ao aparelho das distritais –
fala mais alto do que essas formalidades. E já tem um novo líder:
António Costa. Também em política, o que tem que ser tem muita força.
«Sol-online» - 27 Mai 14Etiquetas: autor convidado, JAL
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