30.5.14

Costa e o sobressalto do PS profundo

Por José António Lima 
Na noite eleitoral de domingo, o PS interiorizou a convicção de que nunca chegaria ao poder com a liderança de António José Seguro. 
Se, após três anos de austeridade e nas mais adversas circunstâncias sociais e eleitorais sentidas por um Governo, o PS apenas atingia 31,5% dos votos e mal se distanciava (menos de quatro pontos) da desgastada coligação no poder, isso só podia demonstrar uma evidência: em 2015, nas legislativas, Seguro não chegaria lá.
Foi este sentimento de frustração partidária e inconformismo das bases socialistas que empurrou António Costa, de vez, para se candidatar à liderança do partido. E a verdade é que Costa, com todas as suas qualidades e defeitos (como a sua conivência com os piores abusos e despesismos do socratismo), vem trazer outra dinâmica política e outra energia partidária ao PS. E à própria vida política do país, que parecia ter caído num beco de minorias sem saídas. 
É certo que Seguro se rodeou, estatutária e formalmente, de precauções que dificultam Congressos antes das legislativas que o possam remover da liderança. Mas o sobressalto que o resultado das europeias provocou no PS profundo – dos militantes ao aparelho das distritais – fala mais alto do que essas formalidades. E já tem um novo líder: António Costa. Também em política, o que tem que ser tem muita força.
«Sol-online» - 27 Mai 14

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