2.6.14

Uma pequenina e maravilhosa notícia

Por Ferreira Fernandes 
Havia um sector humano imune ao voltar para trás: o futebol. Expulso está expulsado, se o árbitro aponta o centro é porque o golo conta, lugar de Mundial decidido é esse e acabou. Mesmo que a decisão seja uma ladroagem pegada. O futebol, e esse é um dos seus desencantos, é o mundo das decisões definitivas. Inventado depois do Rei Sol, nunca deixou de ser jogado sob o absolutismo. Embora amasse a coisa jogada, convenci-me da inevitabilidade má da instituição que é o futebol com um roubo cometido à minha frente. Rui Costa foi substituído na equipa portuguesa que ganhava à alemã, no apuramento para o Mundial de 1998. O português, naturalmente, saía a passo. O mais que faz um árbitro pressuroso é avisar o jogador para sair mais depressa. Pois o árbitro francês expulsou Rui Costa. O Mundial era em França e seria desastroso que se realizasse sem os turistas alemães... Por causa da expulsão, a Alemanha foi ao Mundial, Portugal, não, e o gatuno foi promovido a patrão dos árbitros franceses. Por isso supus que o Mundial 2022 marcado para o Qatar, com estádios a 44 graus - o que não podia ser senão aquilo que era, uma decisão corrupta -, fosse irrevogável. Ontem, as revelações escandalosas do The Sunday Times (o Qatar comprou mesmo!) põem a hipótese do voltar atrás da escolha do lugar do Mundial 2022. Se isso suceder será um pequeno passo para a Fifa. O que é bom, embora não valha o salto para a humanidade que foi cada finta de Garrincha.
«DN» de 2 Jun 14

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