Bento versus (des)Governo?
Por Antunes Ferreira
MAL PARECERIA a quem (ainda) me lê voltar ao desgraçado tema
do assassinado BES e do seu herdeiro bom, o Novo Banco, por enquanto. Mas,
surge um novo episódio desta telenovela de terror, sem bolinha vermelha no
canto superior esquerdo, mas mesmo assim arrepiante. E falo de telenovela
depois de Vítor (sem c) Bento ter dado a sua primeira entrevista como
presidente do NB, o bom, à SIC.
Nela o Novo Banqueiro avisou urbi et orbi que a instituição criada miraculosamente pelo
(des)Governo de Passos & Portas vai ter de sofrer um redimensionamento e
que é mesmo muito provável que o processo atinja o número de trabalhadores e de
balcões do que se tornou, por obra e graça do Espírito Santo, o outro, no
trerceiro maior banco português. Coisa não rara, mas estranha. Mas,
cautelosamente, não vá o Demo tecê-las srrá um plano a acertar com as partes
interessadas, ou seja, os trabalhadores do NB.
Esta possibilidade deixada em aberto contrasta com o
discurso feito horas antes no Parlamento pela ministra das Finanças. Para Maria
Luís Albuquerque, a solução encontrada para resgatar BES é a que “melhor
defende todos os interesses em jogo”: trabalhadores, depositantes e
contribuintes. Aliás já Carlos Costa na sua deslavada intervenção televisiva
dissera o mesmo: não se assuste ninguém porque não haverá despedimentos.
A banhos em
Manta Rota, Coelho defendeu (obviamente) a “solução” adoptada
pelo Governo e pelo regulador, o que equivale a dizer que não haveria
despedimentos nos bancários que transitaram do obituado BES. E Portas seguiu o
seu primeiro em declaração de fato e gravata, ao lado da sua antiga inimiga
Maria Luís.
Na entrevista sicada, ups, citada, Bento disse que não sabe
fazer milagres. Porém, para adoçar a anterior e preocupante afirmação sobre a
possibilidade de despedimentos, deixou a garantia de que hoje, o banco hoje é
mais seguro e mais forte do que era na sexta-feira negra em que, segundo o
(ainda) governador do Banco de Portugal, a “cisa” esteve no fio da navalha. Bento
aproveitou o momento televisivo para reafirmar que os depositantes estão
protegidos. Felizmente. O povo é que não este pelos ajustes e só num dia, mais
precisamente na segunda-feira foi depositar na CGD duzentos milhões de euros
levantados do ex-BES, agora banco bom.
Tudo indica que o novo presidente da nova administração do
Novo Banco não coeçou muito bem. Terá metido o pé na argola? A sua declaração
em se coloca na oposição ao (des)Governo poderá ter sido apenas um lápis de
língua?, perdão, um lapsus linguae? A
ser assim, Vítor Bento poderá ser equiparado aos professores que deram erros no
exame para apreciação de poderem ser… professores.
Que fará Maria Luís? Que fará Carlos Costa? Que fará o
(des)Governo? E que fará o suposto Presidente da República? Convém não esquecer
a declaração de Cavaco que afirmou que o BES tinha mais do que uma almofada
para prevenir qualquer sobressalto. Pelos vistos nem um travesseiro poderia
aguentar o BES. O senhor Silva, que se meteu onde não era chamado, funcionou
como public relations do bando e do
banco do senhor Salgado. O que para o mais alto Magistrado da Nação poderia ter
sido considerado mais uma demonstração do pluriemprego. O que não é aceite por
Passos & Portas. Foi realmente uma viola num enterro. Então, será o caso da
zanga dos compadres por não dizerem as verdades.
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