9.8.14

Crónica de remar contra a maré

Por Ferreira Fernandes 
Conhecem a guerra dos chapéus-de-sol? Talvez não, mas só estão atrasados duma época estival. Há praias com concessionários que alugam os seus próprios chapéus. Concessões que foram feitas com a garantia pública, ainda agora repetida pelo porta-voz da Autoridade Marítima Nacional (AMN): "Não há qualquer tipo de privatização de praias." Ora isso é tanga. Porque o mesmo disse isso, mas também isto: "Não faz sentido em zonas de chapéus-de-sol alugados pelo concessionário que seja autorizada a colocação de chapéu-de-sol por particulares." Daí que se tenha passado, neste ano, ao aviso de que colocar o chapéu-de-sol à frente de uma área concessionada possa dar multa. O que pode dar multa, dá. Talvez ainda não nesta época mas o que pode dar multa, dará. Inevitável como o destino. Só estamos a ser preparados para acatar essa suave fatalidade. Por enquanto, só nos estão a vender a falácia: "Não faz sentido...[ver frase completa, acima]." Porque se o direito dos concessionários choca com o dos particulares, não só na área concessionada como à frente dela até ao mar, então, a praia foi privatizada. Insiste o tal porta-voz: "Não há qualquer tipo de privatização de praias nem há qualquer tipo de intenção de alterar aquilo que é a moldura jurídica aplicada aos espaços de jurisdição marítima." 
Se as praias públicas fossem um banco, com desmentidos destes eu ia logo tirar a areia que lá tinha. Vão dar banho ao cão.
"DN" de 9 Ago 14

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