Nas eleições do PS vale tudo menos tirar olhos?
Por José António Lima
Jorge Coelho bem avisava, há uma semana, o que se podia esperar das
eleições internas no PS: «Vai ser uma campanha dura, não vai ser para
andar aos abraços e a trocar elogios». O pessoal socialista escusava era
de levar tão a peito essa dureza, numa campanha que tem sido uma
sucessão de falcatruas, golpadas, fraudes, expulsões e toda a sorte de
ilegalidades. No PS, neste confronto entre António José Seguro e António
Costa, parece que vale tudo menos tirar olhos.
Se não vejamos. Em
Braga, foram subitamente pagas as quotas, há anos em atraso, de 2.294
militantes (incluindo mortos, emigrantes e acamados) por alguém que
gastou nessa zelosa tarefa mais de 123 mil euros (que não é quantia
fácil de tirar do bolso com tanta generosidade). Face aos protestos de
alguma vozes bracarenses, que pediram a investigação do caso e a
suspensão do processo eleitoral, a direcção de António José Seguro não
só desautorizou esses protestos e mandou prosseguir as eleições como
recusou – pela voz do secretário nacional do PS, Miguel Laranjeiro –
esclarecer quem tinha pago esses 123 mil euros… em nome do «sigilo
bancário».
Em Coimbra, entretanto, também foi pedida a suspensão das eleições na
distrital por os cadernos eleitorais estarem falsificados. Em 2011
foram inscritos como militantes centenas de pessoas com moradas e locais
de trabalho falsos – falcatruas que foram denunciadas pela militante
Cristina Martins, o que lhe valeu há meses a expulsão pela direcção
nacional do PS. Manuel Alegre falou, então, de «delírio persecutório» e
acrescentou que «os responsáveis por essas falsificações é que deveriam
ser expulsos, e não ela». Agora é António Campos, militante n.º3 do PS,
que diz que só resta «recorrer aos tribunais» e colocou uma providência
cautelar para suspender as eleições de 6 de Setembro.
Assim vai o PS de António José Seguro, que continua a falar todos os
dias de transparência, respeito pela legalidade e ética democrática.
Vê-se.
Quando, em Braga, é uma figura com o currículo de Mesquita Machado a
denunciar «irregularidades grosseiras» está tudo dito. O PS faz lembrar
um filme de Scorsese: Tudo Bons Rapazes.
«SOL» Ago 14 Etiquetas: JAL
1 Comments:
Pelo que se vê,também vale tirar olhos.
Sem surpresas.
E, claro, os exemplos "frutificam".
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