29.9.14

A obrigação de não morder todos os anzóis

Por Ferreira Fernandes 
Através da internet o ministro britânico Brooks Newmark foi abordado por uma relações-públicas, Sophie Wittams. Ministro da Sociedade Civil, New-mark tinha entre as suas funções aumentar a participação das mulheres na política. Conversa puxa conversa entre correligionários, ambos são conservadores, passaram para redes sociais mais (oh, ilusão...) discretas, daí, para tiradas mais ousadas e troca de fotografias. O termo "gráfico" já não tem só a ver com grafia, já importámos o outro sentido do inglês graphic, que quer dizer também vivo, animado, inflamado. Bem-vindo o agora uso comum de "linguagem gráfica" em português, pois é a imagem exata da febre que já possuía o ministro: acabou a enviar a foto dos seus genitais e implorou a Sophie que fizesse o mesmo. Ela, que já lhe tinha enviado a cara loura, mandou-lhe um selfie da barriga lisa e calções descuidados. E tudo apareceu agora no Sunday Mirror, mais um esterco em papel de jornal, num país que tem a mais invejável imprensa europeia. Para acabar com o esterco: a "Sophie" era um jornalista à pesca de políticos incautos (também contactou com outros ministros, que chutaram para canto), a cara loura era a foto roubada de uma sueca e a barriga era de uma inglesa, também ela surpreendida pela trapaça. O ministro Newmark demitiu-se com as palavras corretas: "Que parvo fui!" É essa a questão. Não é moral nem jurídica, é política: um ministro não pode ser tão tolo.
«DN» de 29 Set 14

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