20.9.14

História de embalar as altas finanças

Por Ferreira Fernandes  
Uma empresa chinesa entrou na Bolsa de Nova Iorque e teve a maior IPO, oferta pública inicial (seja lá isso o que for), de sempre: 17 mil milhões de euros (seja lá isso o que for). Gosto da história quando leio o nome da empresa: Alibaba. Aportuguesemos, Ali Babá sugere logo 40 ladrões e é extraordinário que uma empresa que tem quatro quintos do comércio online na China e se ramificou nos pagamentos eletrónicos e investimentos financeiros tenha um nome que nos lembre ladrões. Mas é verdade que antigamente uma empresa que movesse cifrões tinha de ter um nome que inspirasse confiança - e viu-se como acabou o Banco Espírito Santo. Por isso compreendo a tática da Alibaba. Embora, se calhar, o melhor seria queimar etapas e chamar-se logo Forty Thieves, 40 Ladrões. O facto é que a Alibaba entrou em Wall Street e, num "Abre-te Sésamo!" e "Fecha-te Sésamo!" (meu Deus, como o Financial Times de ontem me atirou para a minha infância!), sacou os tais 17 mil milhões. Se estou bem lembrado, o meu antigo Ali Babá era mais prudente, entrava na caverna, via aquele tesouro todo a brilhar e só tirava um bocadinho. E assim ia voltando, sem os ladrões da gruta se darem conta. Jack Ma, o patrão da Alibaba, agiu mais como Cassim, o irmão do Ali Babá, que foi tão ganancioso que se esqueceu das palavras mágicas, ficou preso em Wall Street, perdão, na caverna, e foi morto. Temo que a minha infância nunca me deixe ser um frio analista financeiro. 
«DN» de 20 Set 14

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1 Comments:

Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Curiosidade: ao procurar uma imagem de Ali Bá-Bá para aqui afixar, fiz pesquisas no Google. De todas as vezes, as respostas que apareciam em cima eram sempre da empresa referida no 'post'!

20 de setembro de 2014 às 09:32  

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