Portugueses derrubam mito universal
Por Ferreira Fernandes
É conhecida a tese de Lucy, um filme recente com Scarlett Johansson. Lucy é uma jovem que absorveu uma droga sintética e passa a ter o superpoder de usar a totalidade do seu cérebro, e não só o poucochinho habitual a que todos recorremos. O sucesso do filme bebe numa tese antiga. Um cientista de Harvard, William James, quantificou a coisa - só usamos 10% do cérebro e o resto está adormecido - e essa ideia tendo aparecido no prefácio do popular livro pioneiro de autoajuda Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas, de Dale Carnegie, em 1936, solidificou o mito dos 10%. Depois, melhores estudos fizeram que se suspeite que o mito dos 10% não passe disso, mito. E é aqui que se chega aos nossos noticiários. Havendo eleições para o ano, estamos em plena época da magistratura plantar notícias, os jornalistas debicarem as sementes e o povo empanturrar-se com escândalos. Uma figura jurídica pinga todos os dias nas manchetes: o crime da "participação económica em negócio". Vem no art. 377 do Código Penal e quer dizer um tipo com funções públicas receber por baixo da mesa. Deveria chamar-se simplesmente luvas, mas chama-se complicado e errado (todos os negócios têm participação económica) porque magistrados, jornalistas e povo são burros. E é assim que os portugueses estão em condições de arrumar, definitivamente, com o tal mito dos 10% do cérebro. Pelo menos nós, usamos só 2 ou 3%.
«DN» de 22 Set 14 Etiquetas: autor convidado, F.F
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