4.9.14

Prémio Vingança maior que o Goncourt

Por Ferreira Fernandes
A rentrée literária em França começa hoje e com o prémio Vingança, servido frio por Valérie Trierweiler, jornalista de estilo fracote mas notável carreira: passou 18 meses no Palácio do Eliseu, protagonizando o essencial do até agora apagado lustro do Presidente François Hollande, seu ex-companheiro. O livro, Merci pour ce moment (merecia boa tradução: Obrigado por Este Bocadinho), tem uma extraordinária primeira edição de 200 mil exemplares. É um testemunho, dentro do popular género literário "confissões aos queres ser meu amigo", da conhecida editora Facebook. As Madame Bovary modernas já não precisam de Flaubert para se abrirem ao mundo. As páginas em pré-edição foram publicadas na revista Paris-Match e já se sabe que o casal presidencial andou de cócoras, no mármore do palácio, à cata dos soníferos que ela queria engolir e ele esconder dela quando se soube que François saía de capacete e lambreta para se encontrar com uma atriz. Aquele palácio já conhecera morte de presidente (Félix Faure, 1899) quando se debatia com uma amante mas nada se soube por testemunhos diretos (os jornais foram discretos sobre a causa da morte, e o mais longe foi um escrever: "De morte natural, ó quanto!"). Os tempos são outros e as vinganças eternas. Justas é que quase nunca: Valérie era jornalista do Paris-Match quando, ao fazer uma reportagem sobre a ministra Ségolène Royal, conheceu o marido desta, François Hollande.
«DN» de 4 St 14

2 Comments:

Blogger lino said...

Rentrée literária? Ó FF, por quem sois!

4 de setembro de 2014 às 18:21  
Blogger Carlos Fonseca said...

Este é um caso típico de trampa na ventoinha, do qual ambos saem sujos e malcheirosos.

Embora compreenda a amargura da senhora: não é fácil engolir do mesmo veneno que deu a beber à Ségolène.

Continuam actuais os velhos ditados: "Quem com ferro mata..."

4 de setembro de 2014 às 18:57  

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