31.8.14

A CASA DA MINHA AVÓ

A. M. Galopim de Carvalho
A AVÓ ISABEL foi o meu primeiro contacto com uma pessoa, nesse tempo, considerada idosa, teria ela sessenta e poucos anos. A sua imagem está entre as minhas primeiras tomadas de consciência do mundo que me rodeava, tinha eu dois para três anos. Sempre de preto, dos sapatos ao lenço, como mandavam os usos que se vestissem as viúvas, a mãe da minha mãe foi a única, de entre os meus avós, com quem me foi dado conviver. O marido, o avô Vicente, que já não conheci, era oriundo da região de Alcanede, de uma família de curtidores de peles e, também ele, curtidor de profissão. Mãe de sete filhos, a todos criou, dentro dos condicionalismos do tempo e das suas limitadas posses.(...)
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