Luz - Vendedora de fast food, num stand de rua, em Beijing, China.
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O olhar orgulhoso da vendedora, quem sabe se em pose habituada, foi o ponto de atracção para esta imagem. Depois, foram os “pitéus”, entre cobras, larvas, casulos e vermes… Ainda me deixei tentar por um vizinho desta senhora, um que vendia espetadas com grande nacos de fruta fresca mergulhados em açúcar caramelizado… Mas esta bicharada… Nem pensar! Nem estes, nem as centopeias, aranhas, baratas, lacraus e escaravelhos gigantes oferecidos pelos outros vendedores! Fiz um passeio ao longo de dezenas de quiosques destes à procura de um ocidental, europeu ou americano que realmente estivesse a degustar aqueles bichos. Nem um! Alguns riam muito, faziam troça e fugiam. Outros ficavam amarelos ou pálidos e desapareciam. Outros, finalmente, gabavam-se de comer, de já ter comido, de que era fácil e de que era gostoso não fossem os preconceitos dos ocidentais… Mas, chegada a hora, nem um se atreveu! Não tinham apetite naquele momento, disse um alemão! (2014)
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E, no entanto, os camarões, de que tanto gostamos, não são mais que uns bichos aparentados com aranhas, escaravelhos ou gafanhotos. Todos eles pertencem ao Filo (uma categoria taxonómica que engloba várias Classes) dos "Artrópodes" (animais com apêndices - antenas, patas - articulados, como o são também as formigas ou as centopeias). Quem escreve (muito) bem sobre isto é Lídia Jorge em "A costa dos murmúrios", quando põe em contraste os nativos africanos (os "blacks"), que comem gafanhotos assados, e os colonizadores que se deliciam com camarão, dois tipos de animais a que as diferenças culturais dão valor alimentar diferente, apesar de serem nutritivamente idênticos.
A diversidade de hábitos entre os vários povos deste mundo é extraordinária...
Talvez o mundo fosse melhor se os homens se comportassem noutros sectores da vida, como se comportam a nível gastronómico.
- Não gosto, faz-me impressão, mas se gostam, comam.
-Gosto, faz parte da minha cultura, mas não tenho que obrigar os outros a comer.
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