23.6.16

A desfaçatez desta direita ultraliberal

Por. C. Barroco Esperança
A RTP-1 deu à manifestação de umas centenas de defensores da parasitação do erário público pelos colégios privados, no Porto, o espaço negado a dezenas de milhar que, em Lisboa, defenderam a escola pública, a única exigida na Constituição. Temos um canal público absolutamente independente do Governo e totalmente ao serviço da Oposição.

É difícil ver um módico de coerência na direita ultraliberal enquanto defender interesses privados, a menos que tenha trocado a ideologia pela política cega da terra queimada, na sua obstrução sistemática e acéfala à execução da política do atual Governo.

Em Portugal, contrariamente ao que devia suceder, abusa-se da substituição dos quadros dirigentes da função pública sempre que muda o Governo, mas há lugares políticos cuja substituição é uma exigência para a prossecução da política económica do governo que chega. As cinco comissões de coordenação e desenvolvimento regional (CCDRs) são os instrumentos privilegiados, que exigem total sintonia com o governo, para execução das políticas governamentais. Não devia ser o novo governo a substituir os presidentes que, se não me engano, são equiparados a secretários de Estado, mas serem eles a pedir a sua exoneração. Bastava-lhes um mínimo de ética e pudor republicano.

Quando o atual ministro das Infraestruturas e Planeamento substituiu o presidente da CCDR Norte, logo o obscuro vice-presidente do grupo parlamentar do PSD, Luís Leite Ramos, desferiu venenosas críticas. Em vez de se calar perante a inatacável decisão política, estrebuchou e escreveu nos jornais, como se o PSD esperasse tanto tempo.

Faltava a esta direita sem princípios, desta vez através do CDS, agredir Pacheco Pereira, por ter considerado eticamente incompatível a saída de Paulo Portas do Governo para a construtora Mota-Engil. Não o acusaram de desonestidade pessoal ou incoerência, mas de ser irrelevante o juízo de quem ‘foi vice [na bancada parlamentar] de Duarte Lima’, o líder parlamentar do PSD quando o presidente era Cavaco Silva.

Que direita esta! É preciso topete! O presidente da CCDRN saiu. Só faltava ser trocado por Marco António ou Luís Filipe Meneses, que decidiam as nomeações no Norte.

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