Portugal, a Concordata e o fisco
Por C. Barroco Esperança
As igrejas não pagam IMI nem vão passar a pagar, por serem locais de culto, mas, por exemplo, as instalações destinadas a fins educativos passarão a pagar. E basta o facto de a lei passar a ser cumprida para agitar as mitras, brandir os báculos e azedar as homilias.
Os tratados entre Estados não são referendáveis (CRP), mas são passíveis de ‘denúncia’, ou seja, assiste a cada uma das partes o direito unilateral de lhes pôr termo.
A Concordata é um tratado assinado entre o Estado do Vaticano e países católicos, uma obsessão que conduziu a funestas alianças com países fascistas. O Vaticano resultou dos Acordos de Latrão, a Concordata com Mussolini (‘o envido da Providência’, segundo o Papa de turno), que lhe concedeu largas somas de dinheiro e comprometeu a Itália com o ensino obrigatório da religião católica em escolas públicas, direito que perdurou várias décadas depois da derrota do fascismo.
A Concordata é um instrumento de inaceitáveis privilégios da Igreja católica em países que o Vaticano considera católicos (como se os países laicos pudessem ser definidos de forma confessional) e que serve de chantagem sobre os governos que recusam que o seu País se torne um protetorado pio.
A guerra dos colégios e a luta contra o IMI são a face visível da guerrilha que nasce nas sacristias e ameaça as ruas portuguesas.
Espera-se que as mitras não façam perder a cabeça aos clérigos e se conformem com um Estado laico onde os privilégios a uma religião escancaram as portas a outras.
Depois do 25 de Abril a liberdade religiosa é um direito adquirido e inquestionável em Portugal, não se justificando a manutenção da Concordata ou de qualquer tratado com as diversas religiões que devem ser consideradas e respeitas como meras associações de crentes.
Perante exigências inadmissíveis, uma gula feroz e tiques medievais, urge resistir-lhes.
Ponte Europa / SorumbáticoEtiquetas: CBE
7 Comments:
Eu sempre disse que está carregado de ódios e até o aconselhei a ir ao médico.
Deve ser dos independentes à sombra do Estado.
Caro leitor opjj:
Apesar das preocupações com a minha saúde mental, generosidade que o leva a esquecer a sua, informo-o que me reformei como empregado por conta de outrem numa empresa multinacional que me tratou sempre bem. Descontei 44 anos para a reforma e só me envergonho dos quatro anos e quatro dias que passei nas FA, incluindo 26 meses na guerra colonial que a ditadura prolongou até à derrota final.
Carlos Esperança, não deveria envergonhar-se do tempo que passou a cumprir Serviço Militar e , muito menos, do tempo que passou em África. Isso, é desrespeitar centenas de milhar de PORTUGUESES (entre os quais eu) que, por convicção ou não, tiveram que enfrentar e viver o mesmo problema e, infelizmente para muitos milhares, sequelas gravíssimas para além d perda da própria vida. Se é e foi tão contra, deveria ter tomado a atitude NOBRE que muitos outros tomaram, assumindo a sua oposição e renunciando, com sacrifício, ao Serviço Militar, correndo todos os riscos. Para o meu amigo, provavelmente na altura não convinha, não é verdade? Tomou a decisão mais fácil e conveniente. Agora, é fácil falar. Seja coerente e assuma. ESTEVE LÁ. Não desrespeite os outros, basta como têm sido tratados pelos sucessivos Governos pós 25 de Abril.
SLGS:
Sou um antigo combatente com quase 26 meses no Norte de Moçambique, em zona de 100%, vítima de uma guerra injusta e criminosa que a ditadura fascista insistiu, ao contrário de todas as outras potências coloniais, em prolongar.
Gostava de saber quem desrespeito, se o fascismo salazarista ou as vítimas (como eu) que foram obrigadas a participar num exército de ocupação.
É difícil aceitar que ainda haja quem defenda uma guerra que vitimou a minha geração.
Uns combateram por convicção,outros porque era mesmo assim não tinham pensado no assunto e Portugal era do Minho a Timor(a grande maioria),outros resistiram,disseram não e saíram de Portugal(poucos,os mais politizados) Mas quem combateu só deve fazer unicamente a sua autocrítica. Se fosse hoje não iria combater Não deve ter vergonha do colectivo de jovens que combateram independentemente de ter sido uma guerra injusta Os que combateram foram generosos e heróicos e deviam merecer todo o respeito
Carlos Esperança, interprete como deve, não deturpe. Sou tão *vítima* como o Senhor e não defendo nem alguma vez defendi a guerra colonial. Fui lá porque me faltou a coragem de lhe fugir, como tantos NOBREMENTE fizeram. Por isso, assumo o meu acto e não me envergonho, estou com TODOS os que como eu lá estiveram. Posso auto criticar-me, mea culpa, mas assumo o meu acto. Aproveito para lhe dizer que se esteve, obrigatoriamente na tropa 40 e tal meses, eu estive 62, no entanto só 18 na Guerra Coloniial, porque se deu o 25 de Abril e aqUeles que,como eu, estavam em segunda chamada obrigatoria, regressaram mais cedo.
Para terminar, leia e entenda as lúcidas palavras de Ilha da lua.
Espero que as coisas fiqem claras.
Para complementar o meu comentário, só quero dizer que foram 18 meses no Norte de Moçambique (Niassa) em zona 100%.
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