Maria da Assunção Cristas – A queda de um anjo
Por C. Barroco Esperança
Maria da Assunção quis fazer jus ao nome subindo ao olimpo autárquico português, tal como a homónima, mãe de Jesus, que, segundo o mito católico, subiu ao céu, em corpo e alma [Assunção], em data, local e meio de transporte incertos. Evocaria ainda a terra onde nasceu, chamada, em tempos mais pios, São Paulo da Assunção de Luanda.
Assunção Cristas julgou que o seu partido tinha crescido quando apenas inchou, graças à habilidade de Paulo Portas a extorquir a Passos Coelho o quarto grupo parlamentar da AR. Foi um negócio faraónico que não teve em conta que o PSD tem gente mais capaz que Passos Coelho e o CDS não tem melhor que Portas, por menos honroso que seja.
Julgava fazer refém o PSD e ficou refém de si própria, à espera do desastre que abre a porta a Nuno Melo, menos recomendável, mas mais sagaz, educado na escola do tio, o cónego Melo, da Sé de Braga, e na de Paulo Portas, tal como ele, amante de veículos de alta gama.
Em Oliveira do Bairro, a 252 km de Lisboa, justificou a sua ambição com uma frase de belo recorte literário, vazia de sentido, garantindo que tem “o vento de Lisboa colado à pele e a água do Tejo colada à alma”, do que apenas se deduz que tenha alma, como os crentes creem, não fosse pensar-se que era desalmada.
A atração pela água e pelo ar pode vir-lhe da baía de Luanda e do vento que a percorre, ou de qualquer outro local onde haja ar e água, na certeza de que nenhum dos elementos se cola à pele e, muito menos, à alma.
Não cedendo o PSD à traição do CDS e não podendo Assunção Cristas recuar, num ato de haraquíri, resta-lhe respirar o ar de vereadora e tomar um banho de água tépida que a limpe da ambição desmedida em que tropeçou.
Ponte Europa / SorumbáticoEtiquetas: CBE
3 Comments:
a julgar pelo que diz até parece que a Senhora não tem os mesmos direitos que todos os partidos pequenos que já o fizeram e ao que ouço se preaparam para o renovar.
Sacuda esse pó que o envenena.
Reconheço, que o Carlos Barroco Esperança escreve muto bem, embora nem sempre concorde com o que escreve.
Neste caso, parece-me que para o autor deste texto, o grande problema é a Assunção Cristas, ser católica, apostólica, romana.
Através de outros textos da sua autoria, tenho a sensação que não lida bem com as religiões.
Ilha da Lua:
De facto, considero as religiões, além de falsas, nocivas. Tem toda a razão no que observa, quanto à minha posição ateísta. Sou, aliás, o presidente da Associação Ateísta Portuguesa, mas no caso de Assunção Cristas, para além de aproveitar o seu nome a que não serão alheios o nome da alegada mãe de Jesus e o de S. Paulo da Assunção de Luanda (ainda era assim quando frequentei a instrução primária), é da política o que escrevi. Obrigado pelo seu comentário e, sobretudo, pelas discordâncias que aprecio. Um discípulo de Voltaire admite sempre a razão dos 'outros'.
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