Notas Soltas – novembro/2016
Por C. Barroco Esperança
Brasil – Após o golpe constitucional que destituiu Dilma, Temer destrói o estado social herdado de Lula, Marcelo Crivella, bispo da IURD, torna-se prefeito do Rio de Janeiro, e o País fica refém de grupos económicos aliados a Igrejas evangélicas.
FBI – A insólita atitude do diretor, James Comey, de reabrir a investigação aos emails de Hillary Clinton, a poucos dias das eleições, foi a aliança do FBI, Putin e J. Assange (fundador do wikileaks) com Trump, sendo irrelevante o posterior recuo.
Espanha – A ETA desempenhou um papel importante na luta contra a ditadura, mas foi incapaz de se adaptar à democracia e usar as tréguas para depor as armas. A captura do último líder, em França, é mais um golpe a abreviar o seu sombrio ocaso.
Síria – A destruição do país está consumada sem que o Daesh, com ou sem Estado, seja erradicado. A fuga do seu líder, Abu Bakr al-Baghdadi, de Mossul, foi um insucesso das poderosas forças que o combatem.
Aquecimento global – Os últimos cinco anos foram os mais quentes de que há registo e 2016 ameaça superar todos os anteriores. O acordo de Paris, com dúvidas quanto ao seu cumprimento, é essencial para se continuar a respirar no futuro, tórrido e sufocante.
EUA – Perante o júbilo dos protestantes evangélicos americanos, de Putin e de Marine Le Pen, o mundo verá partir Obama com saudade e prepara-se para digerir a chegada de Donald Trump, o novo Comandante Chefe das Forças Armadas da maior potência.
Bulgária – Aliada dos nazis na guerra de 1939/45, esteve sob o domínio da URSS até à sua implosão. Integra a Nato (2004) e a UE (2007). Rumen Radev, venceu as eleições apoiado pelos ex-comunistas e defende a integração da Crimeia na Rússia.
UE – A vitória populista, xenófoba, racista e misógina, nos EUA, instabiliza a Europa. À crise financeira, imigração e Brexit, junta-se a deriva ditatorial e expansionista turca e a debilidade da defesa militar. As contradições internas ameaçam desintegrá-la.
Donald Trump – Durante a campanha eleitoral, muitos se assustaram com o que dizia, sem acreditarem que fosse o que parecia. Agora, estão alarmados porque, de facto, é o que parecia.
Miguel Veiga – Morreu aos 80 anos um dos fundadores do PSD e um antifascista. Foi incómodo para Cavaco, Barroso e Passos Coelho, e ameaçado de expulsão. Democrata de longa data, foi coerente com o espírito do partido que ajudou a fundar.
Colômbia – O novo acordo de paz firmado entre o Governo colombiano e a guerrilha das FARC, em Havana, é uma nova oportunidade à paz, que o referendo perturbou. A paz é mais difícil do que a guerra, e vale sempre a pena procurá-la.
Turquia – O golpe de Estado falhado parece a armadilha de que o autocrata se serviu para, através de sucessivas purgas, estabelecer um poder despótico, abolir a laicidade e promover o expansionismo turco à custa dos curdos e da Síria, a caminho do califado.
Alemanha – A senhora Merkel, a única grande estadista dos maiores países europeus, anunciou a candidatura a um novo mandato quando a extrema-direita reaparece no seu país e irrompe em apoteose dos dois lados do Atlântico. É sombrio o futuro europeu.
França – François Fillon foi o surpreendente e mais imprevisível vencedor das eleições primárias do centro-direita na corrida ao Eliseu. As sondagens já não são o que eram!
Salazar – Que o sobrinho-neto reclame, em tribunal, o espólio do ditador, não perturba o País, mas os herdeiros ideológicos que insistem na defesa da sua memória infamante, são um perigo ameaçador.
Hillary Clinton – Obteve mais dois milhões de votos do que o futuro presidente, mas o sistema eleitoral dos EUA deu a vitória a Trump, com sérias suspeitas de ter havido um ciberataque nos estados de Wisconsin, Michigan e Pensilvânia destinado a prejudicá-la.
António Guterres – O futuro S-G da ONU proferiu, na Gulbenkian, um discurso com uma frase aterradora: “Nunca vi barões do tráfico de pessoas serem detidos, mas já vi barões do tráfico de droga serem-no”. O tráfico de pessoas e órgãos existe! E arrepia.
CGD – Após a enorme vitória diplomática para recapitalizar o único banco público, há quem, por radicalismo ideológico, se tenha obstinado a destabilizar o banco do Estado. Ignoram que a desregulação financeira provocou o caos que sufoca o País e o mundo.
XXI Governo Constitucional – Iniciou o segundo ano com a aprovação do OE-2017 e o apoio do BE, PCP e PEV. O PS e os outros partidos de esquerda, que convergiram na solução patriótica, estão de parabéns pela inédita solução arquitetada por António Costa.
François Fillon – A vitória na segunda volta das primárias da direita francesa garantiu praticamente o duelo presidencial entre o candidato mais à direita da direita democrática e a extrema-direita, numa luta política de onde a esquerda ficará pelo caminho.
Turquia – Recep Erdoğan, Irmão Muçulmano considerado democrata pela UE e EUA, depois de destruir a laicidade e os direitos humanos, tornou-se um pesadelo da Europa, um risco para a NATO e o terror dos curdos, com ambições expansionistas.
Afeganistão – Paradigma do fracasso do combate ao terrorismo, à medida que as tropas ocidentais vão retirando, quinze anos depois, os talibãs recuperam as posições perdidas e impõem o regresso à sociedade tribal e patriarcal que o islamismo preconiza.
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2 Comments:
V.Exª é uma enciclopédia, vidente, futurista. Bem diz o ditado, vozes de burro não chegam ao céu.Vê-se que quer continuar a engolir sapos vivos.Levou com Passos, com Marcelo, com Trump e persiste em babuseiras.
Cai na real, diz-se no Brasil.
OPJJ:
Respeito as suas posições, mas não terá V. Ex.ª confundido a sua própria voz com a minha?
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