26.10.17

Assunção Cristas e a moção de censura


Por C. Barroco Esperança

Assunção Cristas, alcançou um feito notável para a autarca que nunca o será. Obteve um resultado eleitoral para a Câmara de Lisboa, onde atingiu 3 mandatos, pela conjugação de circunstâncias irrepetíveis para quem pode voltar a ser ministra, e não se fará eleger para uma simples Junta de Freguesia. Teve o que Paulo Portas não alcançou.

A concelhia de Lisboa do PSD queria ver-se livre de um ativo tóxico, Passos Coelho, e, ao dar o voto à líder do CDS não votou nela, mas contra o próprio líder. A comunicação social afeta ao PSD, à falta de candidato próprio, começou cedo a dar guarida à líder do CDS e a apostar no inevitável ocaso de Passos Coelho.

Assunção Cristas fez a festa e lançou os foguetes de uma vitória de Pirro. Chamou a si a vitória de Lisboa, por ter alargado o número de vereadores numa câmara cujo presidente Cruz Abecasis era do CDS, e exultou por ter passado de 5 para 6 presidentes de Câmara em concelhos de pequeníssima ou média dimensão, quando o CDS já teve presidências em Viseu, Aveiro e Lisboa, por exemplo.

Nas eleições autárquicas, de 2013 para 2017, incluindo Lisboa, perdeu mandatos, votos e percentagem de eleitores. Foi esta vitória que camuflou com o triunfalismo alfacinha e que o PSD, com forte implantação popular, facilmente reverterá.


A vitória nas últimas eleições autárquicas e a exaltação de Assunção Cristas é a história da rã que queria ser boi. Ela não ganhou, inchou… até às próximas eleições. Na euforia, intitulou-se líder da Oposição ao governo e, na frenética corrida contra o PSD, anunciou uma moção de censura ao Governo no primeiro dia do luto nacional da repetição da catástrofe de Pedrógão.

O Governo não pode ser ilibado de responsabilidades que lhe cabem, mas a displicência com que os sucessivos governos incentivaram a plantação de eucaliptos e abandonaram à sua sorte a agonia do mundo rural, é da responsabilidade do PS, PSD e CDS, ao longo do tempo que o País leva de democracia. Uma das maiores responsáveis é exatamente a ex-ministra Cristas, como se prova pelas acusações fundamentadas de um antecessor.

Ao apresentar a moção de censura, Assunção Cristas sabia que os partidos à esquerda do PS estavam obrigados a votar contra moções de censura oriundas da direita, por um compromisso público. O que a levou à precipitação, que sabia condenada ao malogro, não foi a presunção de derrubar o Governo, foi o entusiasmo de arrastar o PSD, quando o partido está sem cabeça (líder) e o CDS é a cabeça vazia e reluzente, sem corpo.



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5 Comments:

Blogger Ilha da lua said...

Presumo,que o Dr CBE como democrata,sabe que é importante em democracia haver oposição Se os partidos,quando são oposição tivessem que estar calados,pelo que não fizeram(ou fizeram mal)na sua legislatura,não haveria,certamente,oposição. Parece,que já ninguém tem dúvidas,que as recentes tragédias foram fruto de décadas de más políticas ou não politicas no que diz respeito às florestas Mas,também,parece não haver dúvidas,que o governo não esteve à altura desta catástrofe!Por falta de liderança,de coordenação de logística Não me espanta a moção de censura do CDS É uma forma de mostrar um cartão vermelho ao governo ,exactamente,porque sabia que não passava!É um mecanismo democrático Espanta-me,que o Dr.CBR,não tenha focado neste seu artigo a atitude ambígua quer do PCP,quer do BE,sempre na vanguarda da defesa das populações Devo dizer-lhe,que,infelizmente,embora defenda a democracia ferozmente,há muitos anos que voto em branco Talvez,pela saturação,que me causa o facciosismo político,que geram uma espécie de cegueira, e,em nada engrandecem a Democracia

26 de outubro de 2017 às 20:03  
Blogger Carlos Esperança said...

Ilha da Lua:

Se a Oposição sofresse qualquer limitação no seu direito, embora assumidamente apoiante deste Governo, passaria para o lado da Oposição.

Que o Governo não esteve bem, digo-o no meu texto.

Que o futuro será pior, não tenha a menor dúvida. Temo pelos meus netos.

Obrigado por ser minha leitora,

P. S. - Não tenho qualquer título académico, castrense, nobiliárquico ou eclesiástico. Nem uma simplers venera.

26 de outubro de 2017 às 23:17  
Blogger SLGS said...

Ilha da lua, MUITO BEM.

27 de outubro de 2017 às 19:43  
Blogger opjj said...

Facciosismo de quem tem a haver.
Cristas foi o eucalipto e o pinhal de Leiria foi o D.Dinis.

Há cada cromo! Há fogos porque há incendiários. O governo tem de levar uns vidrões e recolher os vidros garrafais que incendeiam as matas.Assim o problema fica resolvido.

27 de outubro de 2017 às 19:59  
Blogger José Batista said...

Concordo inteiramente com o texto de CBE.
A moção de Assunção Cristas foi um gesto político oportunista e hipócrita, porque lhe cabem (a ela, especificamente) responsabilidades tremendas em matéria de fogos, e não só...
O que não iliba a incompetência miserável do governo actual na matéria, claro.
Por isso, o meu obrigado.

27 de outubro de 2017 às 22:18  

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