INCÊNDIOS FLORESTAIS, O CLIMA NÃO EXPLICA TUDO
Por A. M. Galopim de Carvalho
Eu, António Marcos Galopim de Carvalho, com 86 anos de idade, professor
catedrático jubilado da Universidade de Lisboa, nas Faculdades de Ciências e de
Letras, ex director do Museu Nacional de História Natural (durante 20 anos),
doutorado pelas Universidades de Paris e de Lisboa, autor de cerca de 300 títulos,
entre artigos científicos, de divulgação e de opinião, de centenas de “posts”
em Blogues e no Facebook, de 20 livros dirigidos aos ensinos secundário e
superior e à divulgação científica e de 6 de ficção. Colaborador, sempre a
título gracioso (e borla, como diz o povo), com dezenas de escolas, autarquias
(de todas as cores políticas) e universidades, de todo o país, jornais e
televisões.
Isto tudo, ao estilo de quem está a “puxar pelos galões” (que todos os
que me conhecem e me leem, sabem que não puxo) para conferir algum peso ao desabafo
de uma convicção muito minha, muito séria, como cidadão declaradamente
independente dos aparelhos partidários.
O verão quente e extremamente seco que vivemos (as alterações climáticas
estão a alertar-nos para tempos difíceis) justifica a dimensão e a intensidade
dos incêndios florestais que tanta dor infligiram a tantas famílias e tantos
prejuízos causaram à economia do país. Mas não explica o elevado número de
focos de incêndio, nem locais diversos, detectados durante a noite, sem
trovoadas secas nem fundos de garrafas de vidro ao sol. O calor e a secura
propagam e alastram os fogos mas não os iniciam.
Os imensos e trágicos incêndios do passado fim-de-semana (falou-se em
mais de 500), alguns iniciados de noite, afiguram-se-me como que um
“aproveitar” os últimos dias deste verão que nos entrou Outono adentro (pois
sabia-se que a chuva vinha aí) para dar continuidade a uma guerra surda contra
o Governo legítimo cujos sucessos são, por demais, conhecidos cá dentro e lá
fora.
Basta ler
e ouvir os comentadores dos jornais e das televisões ao serviço dos poderosos,
para perceber como esta tragédia nacional continua a ser utilizada por eles nesta
guerra. E a verdade é que tem tirado algum proveito (não todo) desta
estratégia. É notório que o governo está fragilizado. Também por culpa sua,
diga-se, que, em minha opinião, não soube ou não quis “partir a loiça” na
altura certa. Neste momento e com tamanha e bem orquestrada campanha contra a “Geringonça”,
a sorte do Governo é que a mais do que fragilizada oposição não tem nada a
propor aos portugueses.
Etiquetas: GC
7 Comments:
Lamento que com tanto conhecimento acumulado, académico e de vida, acredite na teoria estapafúrdia de que existe, através do fogo, uma tentativa de criar problemas a este governo. Principalmente quando o que está em causa não são as ignições mas sim as suas consequências. Mesmo que o país ardesse todo deveria ser possível retirar as pessoas da frente de fogo.
Os sucessos do governo veremos assim que a conjuntura piorar.
Garanto que continuo a ter pelo Professor o mesmo respeito "académico" e "Civil" mas não poderia deixar passar em branco um desabafo tão pouco pensado.
João Carlos,
Eu também não acredito nisso.
Mas, mesmo que fosse verdade, era caso para perguntar o que anda a fazer a GNR, a PJ, os Serviços de Informações...?
Também nisso o Estado falhou?
Sei lá... eu já não digo nada!
Modestamente, subscrevo as palavras do Amigo e respeitado Professor.
Os fogos postos são uma evidência cujos fins urge esclarecer.
Caríssimo impressiona-me que uma pessoa que apregoa tantos títulos, tenha tão fraca psicologia.
Dou-lhe uma pista, foi o Passos Coelho.
O meu pai faleceu com 107 anos, mas no dia em que se finou tinha mais consciência que V.Exª.
Este Carlos Esperança navega nas mesmas águas.
Só fala assim quem teve muitas prebendas.Eu como tive que dar o litro no privado não me sinto nada devedor.Mais, e sei bem como os interesses partidários se mexem.
CUMPS.
Caro Professor,
Agenda 21, já ouviu falar?
Cumprimentos,
Claro que o professor tem razão. Isto é uma orquestrada campanha contra a geringonça mas é feita por uns poucos que não se conformam porque ainda este mês nas autárquicas o PS ganhou ao PSD por maioria absoluta a Câmara de Pedrogão-Grande prova que o grande povo é de Esquerda e está com a esquerda e subsiste a questão como foi possível que de 14 para 15 se Outubro se acendessem quase 600 incêndios, especialmente à noite numa distância que vai de Lisboa a Melgaço cerca de 400 Kilómetros. São ratos de sacristia que julgam lutar contra o demónio alheios a toda a dor e sofrimentos e julgam que assim estão servindo a Deus. São Cónegos Melo à solta e depois há sempre um Spínola que os encoraja.
«PJ investiga ramificações do ‘Cartel do Fogo’ em Portugal
Revista de Imprensa Jornal Económico
.
Em Espanha já foram detidas mais de duas dezenas de pessoas. Empresas combinavam preços e vendiam os serviços a Portugal por três vezes mais.
.
Seis das principais empresas espanholas de combate aos fogos manipulam (pelo menos) desde 2006 os contratos públicos com Portugal com ofertas falsas para garantir que conseguem ganhar todas as licitações, segundo uma investigação do jornal ‘El Español’, noticiada pelo Jornal Económico no dia 23 de junho.
.
Também a justiça portuguesa está a investigar essas ramificações do chamado Cartel de Fogo em Portugal, conta hoje o jornal Público.
De acordo com a investigação, o método de manipulação era muito simples. As empresas decidiam de antemão o vencedor de cada concurso, e, ao mesmo tempo, as outras empresas apresentavam propostas falsas para garantir que a empresa escolhida pelo cartel ganharia.
Segundo as mais recentes investigações sobre o caso, as autoridades concluíram que o esquema vai para além dos meios aéreos de combate ao fogo. Também o transporte de doentes urgentes é controlado pelo cartel. Os empresários aéreos terão corrompido vários responsáveis das autoridades locais do PSOE e do PP. Em Portugal fala-se de um facilitador de negócios, cuja identidade ainda não é conhecida.
O caso tornou-se público quando Francisco Alandí, um antigo funcionário de uma das empresas do centro do cartel, a Avialsa, denunciou o esquema. Como prova revelou documentos, entre eles e mails que remontam a 2010, em que o antigo patrão deixa bem claro as suas intenções: “Ganhar seja como for o concurso deste ano. Temos o apoio do grupo de empresas espanholas para fazer e desfazer o que quisermos em Portugal. Depois da campanha de 2010, devemos focar-nos no ataque de 2011 (…) Este ano temos o nosso prato forte em Portugal. E vamos atacar com todo o arsenal disponível.”
Em Portugal as investigações estão a cargo da Polícia Judiciária.»
================
RESUMINDO:
.
Parece-me óbvio que é na chamada "Indústria do fogo" (e não nos perdedores das eleições das autárquicas) que está a resposta a estas questões.
Como diz José Gomes Ferreira, é urgente seguir o rasto do dinheiro gerado, uma investigação que nunca foi feita seriamente em Portugal.
Enviar um comentário
<< Home