Um Messias para o Brasil
Por Antunes Ferreira
Jair Messias Bolsonaro nas presidenciais brasileiras é como a pescada: antes de o ser já o era. O voto electrónico vai ser uma confirmação do que vêm dizendo as diversas sondagens: a percentagem que vai alcançar sobre o candidato do PT Fernando Haddad será significativa e com isso o partido de Lula da Silva ficará com uma minoria preocupante pois a votação que deverá obter não será única mas sim pela soma dos votantes que não querem a extrema-direita protagonizada pelo ex-capitão cuja presença só por si já é ameaçadora.
Bem pode recordar-se que Hitler chegou ao poder através de eleições e delas resultou o abjecto e criminoso regime que foi o nazismo. Tudo indica que no caso brasileiro tal citação é chover sobre o molhado. Nem a fraudulenta e maciça utilização da aplicação WhatsApp por apoiantes milionários sobretudo empresas do candidato conotado com o fascismo à qual o povo não parece ter dado grande importância.
O Brasil sofre dum trauma que adquiriu quando durante a II Guerra Mundial Stefan Zweig foge da Europa ensanguentada pelo nazi-fascismo onde viria a escrever o ensaio em 1942 Brasil, um país do Futuro. Nunca os brasileiros se conseguiram livrar desse verdadeiro anátema, pois a partir de então nunca mais o maior país da América do Sul foi do Presente.
Há ainda que te em consideração que a sociedade brasileira é multicultural e multirracial sendo que a percentagem de pretos e mestiços (mulatos ou pardos) ultrapassa já os 50 por cento. São eles um dos alvos preferenciais desse novo Messias – que inclusive leva o mesmo nome – que se propõe “abatê-los” bem como aos homossexuais, às lésbicas e sobretudo as “vermelhos”. É caso para dizer que Jair Bolsonaro quer salvar (?) o Brasil mesmo que este não queira ser salvo…
As propostas do candidato da extrema-direita são extremamente agressivas. A sua foto brandindo uma espingarda-metralhadora anda por toda a parte. Haddad não parece ter hipótese, porque, diz Bolsonaro, ele é um Lula trasvestido. Ou seja, anda a enganar o país, a ludibriar os brasileiros. Votar nele e votar no Diabo, no Mal, no Inferno, no regresso ao passado do roubo, do crime e principalmente da mais desenfreada corrupção.
Em 1951 a Empresa Nacional de Publicidade que edita o “Diário de Notícias” dá a luz uma obra monumental da autoria de Armando de Aguiar jornalista daquele quotidiano intitulada O Mundo que os Portugueses Criaram com o beneplácito e o apoio de Oliveira Salazar. Nela o autor dá um significativo destaque ao caso do Brasil acentuando a enorme componente portuguesa na população brasileira. E não diz na raça pois que não existe uma raça brasileira de tal modo a população é miscigenada.
O que mais impressiona para quem tenta avaliarde forao que está a acontecer nas campanhas e nas eleições brasileiras, e em especial naquelas que vão dar um novo inquilino para o Palácio do Planalto em Brasília, é que muitos que agora são ameaçados por Bolsonaro Votam nele.
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