O mundo está cada vez mais perigoso
Por C. Barroco Esperança
O Estado democrático de direito está ameaçado e a existência de eleições, por sufrágio universal e secreto, sendo uma condição essencial, é cada vez menos fiável para eleger governos democráticos.
Sabemos da História que Hitler e Mussolini chegaram ao poder pela via eleitoral e só o tosco Salazar, o frio genocida Francisco Franco e alguns outros generais renunciaram à via democrática para atingirem o poder. Mas, depois de eleitos, sabe-se o que sucedeu.
Há quem pense, por ignorância, maldade ou ambas, que a democracia é apenas a forma, desprezando a substância, e é preciso ser demasiado cínico ou suficientemente estúpido para considerar democratas os líderes dos EUA, Brasil, Turquia, Polónia, Filipinas ou Hungria, pelo facto de terem sido sufragados pelos eleitores. Não são melhores do que o líder chinês ou o príncipe-herdeiro saudita.
A democracia não é apenas o governo das maiorias, é sobretudo o respeito das minorias, a defesa dos direitos humanos e a integração económica, política e social de todos os cidadãos. Não há democracia quando se discriminam mulheres, perduram gerações de pobres ou se acentuam as diferenças sociais. Hoje, à semelhança das religiões, há países que estabelecem os seus interesses, disfarçados de ideologia, e têm meios, tecnologia e obstinação para os impor a nível regional ou global.
A globalização da paz, da prosperidade e da solidariedade é substituída pela ditadura de países que detêm os meios de pagamento internacionais, os arsenais nucleares e até os algoritmos que condicionam o pensamento de multidões que se julgam livres.
Ainda há pouco, o exótico ditador da Coreia do Norte abria os noticiários mundiais para atrair o ódio, e bastou um gesto de Trump para desaparecerem da imprensa, de todos os órgãos, as imagens, as recriminações e a instilação do medo do biltre incontrolável.
A Arábia Saudita, alfobre do terrorismo, que abomina a democracia, a carne de porco e a paz, é uma monarquia teocrática, agressiva e sinistra, mas tem o apoio do nefasto PR dos EUA. Os genocídios do príncipe sanguinário são esquecidos com barris de petróleo e os seus crimes apenas denunciados por corajosos defensores dos direitos humanos, cada vez mais silenciados e ignorados.
O aquecimento global tornou-se uma emergência mundial, mas os interesses dos países hegemónicos ignoram a tragédia em curso, apesar de ser a única que liquidará, de forma igual, países ricos e pobres, tornando insustentável a vida em todos.
Vivemos num tempo de alucinante progresso tecnológico com líderes medíocres a nível internacional e com os mais insensatos e perigosos a serem sucessivamente sufragados por povos que perderam a bússola dos seus interesses e o sentido do futuro.
A pedagogia democrática é cada vez mais difícil, e o mundo mais perigoso.
Etiquetas: CBE
4 Comments:
Assino por baixo.
Felicitações.
Apliquemos aqui o Princípio da Incerteza de Heisenberg e no final o Mundo complementa-se e avança.
Cumps.
Completamente de acordo com está análise do CBE
"O Estado democrático de direito está ameaçado e a existência de eleições, por sufrágio universal e secreto, sendo uma condição essencial, é cada vez menos fiável para eleger governos democráticos."
Por outras palavras, se a populaça votasse no candidato correcto - Hillary Clinton, No-Brexit, Fernando Haddad, etc, a democracia funciona. Se vota no candidato errado, a democracia está em perigo e o zé povinho precisa de ser reeducado e deixar de acreditar em fake news.
"Há quem pense, por ignorância, maldade ou ambas, que a democracia é apenas a forma, desprezando a substância, e é preciso ser demasiado cínico ou suficientemente estúpido para considerar democratas os líderes dos EUA, Brasil, Turquia, Polónia, Filipinas ou Hungria, pelo facto de terem sido sufragados pelos eleitores. Não são melhores do que o líder chinês ou o príncipe-herdeiro saudita."
Da mesma forma, é preciso ser demasiadamente ingénuo para se considerar que os restantes países da união europeia são democracias. Como se a UE não fosse controlada por uma comissão europeia não eleita que serve a banca e onde o presidente do BCE é Mario Draghi - ex-Goldman Sachs.
"A globalização da paz, da prosperidade e da solidariedade é substituída pela ditadura de países que detêm os meios de pagamento internacionais, os arsenais nucleares e até os algoritmos que condicionam o pensamento de multidões que se julgam livres."
Neste caso, julgo que qualquer pessoa que ganhe 500/600 euros por mês em trbalhos precários onde tem de suportar humilhações constantes dos patrões por medo do despedimento percebe que não é livre.
Gostei do artigo, só não estou de acordo com o tom condescendente do mesmo.
Abraço.
Enviar um comentário
<< Home