15.2.19

AGENDAS E O CASO DA CAIXA

Por Joaquim Letria
Os temas que vão preenchendo as nossas vidas e dos quais falamos no dia a dia, e discutimos uns com os outros, saem quase sempre dos mesmos sítios, normalmente de onde querem que a gente não pense e não fale de outras coisas.
Os políticos têm especialistas que marcam as agendas. E são essas agendas que dominam aquilo que desejam realçar, atirar aos adversários, convencer os eleitorados e evitar que se fale daquilo que não lhes convém.
A comunicação social também cria factos, condiciona as agendas e domina aquilo que ocupa a nossa atenção e exerce o seu poder de manipulação e de persuasão, consoante as influências e os interesses que a comandam se o jornalismo não for independente.
Ainda há pouco tempo éramos entretidos pelo Brexit, que alternou com a insatisfação em França, que se seguiu  às eleições no Brasil, que antecederam os refugiados na fronteira do México, que anteciparam a cimeira de Davos,  que coincidiu com o muro de Trump e se seguiu à velha e preocupante questão da situação na Venezuela onde tantos portugueses e luso-descendentes vivem há anos uma situação dramática que muito nos devia preocupar.
Só depois de tudo isto, e soprado baixinho para não nos revoltarmos, voltou a revelação de que já  prescreveu o caso Caixa Geral de Depósitos que custa milhares de milhões de euros que vamos ter de continuar a pagar, uma dívida vergonhosa que políticos ordenaram que a Caixa contraísse, emprestando dinheiro sem garantias de crédito a amigos e a empresas favorecidas, sem respeito pelas regras da concessão de crédito.
E foi preciso que uma psicóloga bonita, inteligente e corajosa revelasse a lista de devedores na TV tabloide para que mais gente recomeçasse a falar nisto para dizer que será muito difícil vir a saber o que se passou, punir os culpados e ressarcir o povo português dum buraco de empréstimos suficiente para pagar  dois anos do Serviço Nacional de Saúde. E lá lembrou o dr. Campos e Cunha, que foi ministro das Finanças só dois meses e que se demitiu por o Governo de Sócrates a que pertenceu o pressionara a substituir a Administração da Caixa. Homem sério, pois! Os outros ministros de Sócrates a gente bem os vê por aí. E não prescrevem…
Publicado no Minho Digital

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5 Comments:

Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Há assuntos que andam tempos infinitos na C.S. e depois desaparecem, de um dia para o outro, sem que se perceba porquê.
E lançam-nos outros para a frente, e vai toda a gente atrás deles, deixando os anteriores em paz.
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No entanto, esses ainda podem ser casos verídicos.
Hoje em dia há pior: "notícias" deliberadamente falsas, criadas por profissionais, e que a malta engole, divulga e amplifica.

15 de fevereiro de 2019 às 10:51  
Blogger Ilha da lua said...

O grosso lápis da censura,tão fortemente combatido,aniquilado,e,pensava eu definitivamente enterrado,insidiosamente,vai reencarnando numa batuta,utilizada por alguns maestros a mando de interesses políticos e económicos. É decepcionante assistir a este triste concerto.

15 de fevereiro de 2019 às 12:47  
Blogger José Batista said...

Fritaram-nos.
Nós, o vulgo, percebíamos que nem tudo era limpo, mas não soubemos reagir e exigir esclarecimentos e punições.
Agora estamos fritos.
E assim vamos continuar, porque continuamos a não discernir o fundamental de muito do que se passa e do que se faz em nome do «interesse público».
Por mim, nem sei que é a psicóloga bonita e inteligente...

15 de fevereiro de 2019 às 21:50  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

José Batista
Trata-se da Joana Amaral Dias

16 de fevereiro de 2019 às 08:08  
Blogger José Batista said...

Obrigado, CMR.
Abraço.

17 de fevereiro de 2019 às 17:28  

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