UMA CONVERSA COM DONA MARIA II, NO PALÁCIO DE PENA (*)
Por A. M. Galopim de Carvalho
O capítulo acima anunciado versa um dos mais interessantes períodos da História de Portugal, dos pontos de vista social, político, científico e cultural, numa conversa com uma rainha particularmente culta e, imagine-se, interessada em conhecer a história geológica da Serra de Sintra. O texto é longo, o que, habitualmente, afasta muitos dos potenciais leitores.
Mas ele aqui fica à atenção dos interessados.
“Os ingleses residentes em Portugal, no século XIX, deram provas de saber escolher ao preferirem a região de Sintra para edificarem as suas vivendas e mansões de Verão. Lord Byron definira-a como “Éden Glorioso”, tendo-a, ao mesmo tempo, considerado, diz-se, uma ”pérola lançada a porcos”. Tinha razão o poeta inglês do romantismo, certamente que sim na primeira daquelas suas apreciações, talvez, embora isso nos custe admiti-lo, na segunda. A classificação desta relíquia, pela Unesco, em 1995, como Património Mundial, na categoria Paisagem (a que fiquei ligado como elemento do grupo promotor), foi o culminar do sentir de todos quantos ali vivem e dos milhões que por ali têm passado, visitando-a nos seus múltiplos recantos. Deve dizer-se, porque a grande maioria dos cidadãos ignora, que o substrato desta paisagem agora classificada é uma unidade geológica pequena na extensão mas de imensa variedade, não só nos aspectos estruturais como nos tipos de rochas que a constituem.
Estávamos em Agosto. O Palácio da Pena e os demais cimos da Serra permaneciam envoltos numa nebulosidade fresca, a contrastar com o azul celeste e o calor estival da planura que se estende a Sul. Comodamente instalado num do belos recantos do parque anexo ao palácio, contemplando espécies arbóreas exóticas, diferentes de tudo o que é característico da nossa flora, reparo que, a meu lado, se senta uma jovem senhora, muito branca, de belos olhos azuis, em trajes ricos da primeira metade do século XIX. Penteada ao alto, em grossos caracóis, trazia na cabeça uma tiara que se me afigurou cravejada de diamantes, tal o resplendor das pedras. Perante a minha estranheza, sorriu e identificou-se. (...)
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